Carlos Andrade nasceu na Ribeira Seca, Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, nos Açores. Aos 13 anos emigrou com os pais e fez dos Estados Unidos a sua segunda «casa». Considerado o “rei” dos donuts nos Estados Unidos, é um dos maiores franchisados da cadeia de lojas Dunkin Donuts americana: a sua família possui 550 dessas lojas e ainda a maior central de produção para abastecimento da Dunkin Donuts no país.
Emigrou muito jovem com os pais para os Estados Unidos. Ali fez os estudos e sonhava ser engenheiro mecânico.
“Tinha uma paixão por carros e aqui havia carros fantásticos”, recordou a este jornal. Não se interessava muito pelo negócio dos donuts, “mas como o meu irmão estava envolvido”, disse, lá seguiu o mesmo caminho.
Carlos Andrade entrou na Dunkin Donuts University (DDU), em Quincy, Massachusetts, o que iniciou uma carreira empresarial de sucesso. Inaugurada oficialmente em 1966, a DDU tinha como objetivo ensinar, treinar e padronizar futuros funcionários e franqueados da empresa.
Em 1978 adquiriu a sua primeira pastelaria Dunkin Donuts em Raynham, (Massachusetts), o que originaria o princípio de um império que se estende por toda a Nova Inglaterra (onde estão os estados de Massachussetts, Rhode Island, New Hampshire, e Connecticut) e Nova Iorque.
É a área mais forte do país, como explica Carlos Andrade.
“Temos as melhores lojas, com mais concentração em vendas. Nós controlamos o mercado de franchising Dunkin Donuts em Massachussetts, Rhode Island, New Hampshire, e Connecticut”, revelou.
Atualmente, Carlos Andrade, é considerado o “rei” do negócio.
O empresário português e a família detêm 550 lojas, mas a estas juntam-se as lojas Dunkin Donuts abertas por outros luso-americanos, também em regime de franchising.
Ao todo são 760, empregam “cerca de dez mil pessoas” e situam-se na Nova Inglaterra e Nova Iorque, explica Carlos Andrade.
Mas a sua visão empresarial levou-o ainda a deter a maior central de produção para abastecimento de Dunkin Donuts nos Estados Unidos. E emprega “uma rede muito grande de portugueses” e também brasileiros, sublinha.
Investir em Portugal
Em novembro do ano passado, à margem de um encontro de empresários que teve a presença do Presidente da República português, Carlos Andrade recordava a O Emigrante/Mundo Português, a tentativa de investimento em Portugal feita há cerca de 20 anos, mas que não correu bem.
Na altura, “as coisas foram difíceis” e só há poucos anos o empresário voltou a investir no país, mas com os gelados da Baskin Robbins, (que pertence ao grupo Dunkin Donuts), tendo já aberto “26 lojas”.
Mas a segunda tentativa de investimento, está já a ser planeada, como revelou em novembro último a este jornal. “Vamos ver se entre dois a cinco anos voltamos a Portugal com os donuts”, avançou, acrescentando. que pretende que o seu país seja a porta de entrada para outros mercados europeus, como Espanha, França, Inglaterra.
A ideia é ter as duas marcas, Baskin Robbins e Dunkin Donuts num mesmo espaço e oferecer assim um leque mais alegrado de produtos, mas o projeto está dependente de fatores económicos.
“O nosso problema é a desvalorização do dólar, que nos fez recuar no investimento. O euro valorizou muito nos últimos 4 a 5 anos em relação ao dólar”, destacou.
Mas questionado sobre o que o leva a pensar investir em Portugal numa conjuntura de crise económica, Carlos Andrade diz que “em tempos de crise, às vezes as oportunidades são as melhores”.
“No entanto, acredito que dentro de dois a três anos a crise vá abrandar e que o dólar valorize para conseguirmos investir”, considerou.
Solidariedade
Além do sucesso empresarial, Carlos Andrade também é apontado por financiar projetos dentro e fora da comunidade.
É o caso do New England Center for Children e do instituto de investigação do cancro Dana Farber.
Apoia ainda jovens a prosseguir os estudos académicos, com a criação do «Scholarship of Dunkin Donuts for New England», que já atribuiu 250 mil dólares em bolsas de estudo.
Por tudo isto, em novembro do ano passado, foi agraciado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
Carlos Andrade, está há quase 40 anos num negócio que já tem o futuro assegurado: passou a gestão, em grande parte para as três filhas.
O empresário, que é casado com Maria Andrade, açoriana, é pai de Diana, mestre em Finanças e Gestão de Empresas, Tanya, licenciada em Contabilidade e Lindsey a licenciar-se em Direito.
Trabalham com ele e afirma, transquilo, que “a segunda geração é que vai tomar conta dos negócios”.
As saudades da terra natal, diminuem nas três a quatro vezes por ano em que regressa aos Açores.
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