segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Açores "captam" galáxia a mais de dois milhões de anos-luz da terra


O projeto SST é um programa europeu que tem o objetivo de monitorizar objetos em órbitas próximas às da Terra. Captou uma galáxia espiral localizada a mais de 2,5 milhões de anos-luz da Terra.

O novo telescópio ótico da rede Space Surveillance and Tracking (SST), instalado na Terceira, captou uma galáxia a mais de dois milhões de anos-luz de distância da Terra, o que demonstra “o enorme potencial” do aparelho instalado nos Açores.

"Aquela imagem é uma imagem do universo profundo. É imensamente longe. E esta imagem captada serve para demonstrar o enorme potencial e capacidade daquele telescópio que pertence à rede SST. E quando se consegue observar a galáxia Andrómeda àquela distância, com aquele pormenor, podemos ter uma noção clara do potencial daquele equipamento”, explicou Luís Santos, coordenador da Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço, que está na dependência da secretaria regional do Mar, Ciência e Tecnologia.

O aparelho está instalado no Parque de Ciência e Tecnologia da ilha Terceira — TERINOV e captou, pela primeira vez, a galáxia Andrómeda, “uma galáxia espiral localizada a mais de 2,5 milhões de anos-luz de distância da Terra”.

O projeto SST é um programa europeu que tem o objetivo de monitorizar objetos em órbitas próximas às da Terra, que podem ser pequenos asteroides ou o chamado lixo espacial, restos de satélites, satélites inoperáveis ou máquinas que, entretanto, ficaram à deriva no espaço próximo da terra por algum motivo.

"Esse lixo tecnológico e espacial fica à deriva no espaço próximo à terra e é de facto um perigo iminente para as infraestruturas espaciais que já estão no espaço (satélites de comunicações ou de observação da terra), mas também são um perigo iminente para o acesso ao espaço”, indicou Luís Santos, em declarações à agência Lusa.

A entidade nacional responsável pelo programa SST é a Direção Geral de Recursos de Defesa Nacional, que está integrada na estrutura do Ministério da Defesa Nacional, sendo que o Governo dos Açores é a entidade parceira.

De acordo com Luís Santos, os Açores participam neste projeto “garantindo a instalação de diversos equipamentos e de sensores para observar o espaço nas órbitas próximas à terra, mas nas zonas por cima do Atlântico”.


No âmbito deste programa europeu, para monitorizar e prever trajetórias de objetos na órbita da Terra, os Açores acolhem o Centro de Operações Espaciais (COpE) e dois telescópios óticos, um instalado agora na Terceira e outro a instalar durante a próxima semana em Santa Maria.

Estamos neste momento a terminar a adequação de salas do TERINOV, na ilha Terceira, para montar o datacenter nacional. Ao mesmo tempo instalámos durante a passada semana o primeiro telescópio ótico a ser colocado em funcionamento em Portugal para a rede SST”, adiantou à Lusa.

O coordenador da Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço destacou à Lusa o potencial do telescópio agora instalado na Terceira, que permite “a proteção dos equipamentos que servem milhares de pessoas na Terra e que custam milhões de euros em colocar lá em cima”.

Para o responsável, o potencial “é ainda maior quando pensamos que mais ninguém consegue observar o Atlântico Norte. Só os Açores é que conseguem observar o Atlântico Norte”.

Depois de concluído o período de certificação, o aparelho ficará “a trabalhar diretamente para o SST”, avançou ainda o responsável, vincando que o telescópio tem “a capacidade de observar com muito pormenor objetos nas órbitas próximas às da Terra” que “representem um perigo iminente tanto na sua reentrada como para a proteção dos satélites”.

“Colocar um satélite em órbita custa dezenas de milhões de euros. E, na verdade, um parafuso com um centímetro de diâmetro, se bater num satélite em órbita, destrói imediatamente o satélite”, disse.

in observador.pt

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