100 razões para visitar os Açores
FAIAL
1– Atravessar a pé a ilha pelo trilho Costa a Costa
É junto ao mar, no Porto da Boca da Ribeira, na ponta leste da ilha, que tem início o percurso Faial Costa a Costa 800 mil anos de história. Com um total de 36 quilómetros, cruza a ilha de lés a lés, acompanhando a evolução geológica do Faial, ao longo de cones vulcânicos, crateras, furnas e algares, desde a erupção mais antiga, que ocorreu precisamente aqui, até à mais recente, nos Capelinhos. Esta grande rota, a primeira do arquipélago dos Açores, resulta da junção de três pequenas rotas anteriormente existentes (Caldeira, Levada e Capelo-Capelinhos), com a nova Rota dos Caminhos Velhos, criada a partir dos antigos caminhos rurais que ligavam as freguesias mais isoladas à cidade da Horta. “Descobrimos caminhos lindíssimos, muitos deles completamente tapados pela vegetação”, explica João Melo, diretor do Parque Natural do Faial, que classifica o trabalho hercúleo desenvolvido pelos serviços do parque como “uma autêntica arqueologia dos trilhos”. De facto, para além da beleza paisagística do percurso, salta à vista todo um enredo histórico e social que transmite ao visitante a extrema dureza da vida naqueles tempos.
Pelo Atalho do Farol, onde foram escavados degraus para facilitar a subida da íngreme encosta, atinge-se o Farol da Ribeirinha, construído em 1919 e destruído pelo sismo de 1998. A vista sobre as vizinhas ilhas do Pico e São Jorge e, mais além, da Graciosa é deslumbrante e obriga a uma paragem um pouco mais demorada. Depois de cruzar a aldeia da Ribeirinha, junto à fonte do Valado de onde, dizem os antigos, “brota uma água que passa por cima de ouro”, tal o seu sabor e pureza, o Caminho da Rocha Vermelha apresenta-se como um dos trechos mais exigentes do ponto de vista físico, mas o esforço da subida é compensado com a vista panorâmica para o Pico. Entra-se agora no Atalho da Vila, um dos mais belos desta grande rota e cuja redescoberta esteve na origem da mesma, como recorda João Melo: “Um senhor da Horta falou-me de um antigo caminho, que o pai dele fazia, para se deslocar à cidade. Foi com as indicações dele que descobrimos este trilho.” Cada vez mais próxima, a enorme caldeira, com dois quilómetros de diâmetro e 400 metros de profundidade, marca o início do Trilho dos 10 Vulcões, a segunda etapa da Grande Rota, que associa os percursos da Caldeira, Levada e Capelo-Capelinhos, ao longo dos dez principais e mais recentes vulcões da ilha. Este último troço é um dos mais diversificados de toda a Grande Rota, mas também um dos mais exigentes, num último esforço recompensado por uma paisagem em tudo idêntica à que os primeiros povoadores terão encontrado nesta ilha, “repleta de aves e com uma densa vegetação”. Ao longe, avista-se já o Vulcão dos Capelinhos, lugar da última erupção, em 1958, que acrescentou à ilha mais de dois quilómetros quadrados de uma paisagem quase lunar. É por entre rochas e cinzas vulcânicas que a Grande Rota termina no Porto do Comprido, outrora a maior e mais importante estação baleeira dos Açores. De novo junto ao mar.
2 – Conhecer o Centro Interpretativo do Vulcão dos Capelinhos
A 27 de setembro de 1957 teve início a última erupção histórica do Faial, ocorrida nos Capelinhos, que se prolongou por quase um ano. Para além de acrescentar mais de dois quilómetros de território à ilha, destruiu por completo as povoações limítrofes. É este período único da história do Faial e da própria vulcanologia mundial que é recordado no Centro Interpretativo do Vulcão dos Capelinhos, inaugurado em 2008 e que é hoje o museu mais visitado em todo o arquipélago. Situado nos pisos térreos do antigo farol, hoje totalmente soterrados pelas cinzas então projetadas, o edifício do arquiteto Nuno Lopes é composto por vários espaços visitáveis e permite reviver, de forma interativa, os fenómenos que levaram à formação dos Açores.
3 – Passear de jipe e de BTT
Uma maneira de conhecer o Faial é através de um passeio em veículo todo o terreno, como os que são realizados pela empresa Casas d’Ávilas (www.casadavilas.com), por alguns dos locais mais emblemáticos da ilha, como a praia do Almoxarife, a zona de Porto Comprido e as piscinas do Varadouro, mas também por outros menos conhecidos, como o antigo porto baleeiro do Salão ou a praia da Fajã. A bicicleta é outra opção a ter em conta, numa ilha que até dispõe de um circuito oficial de BTT no Parque Florestal do Capelo. Quem o preferir, pode também fazer passeios guiados de bicicleta. “Os percursos podem ser adaptados à vontade de cada um, mas o mais procurado é o que vai da Caldeira aos Capelinhos”, explica Filipe Ávila, o organizador destes passeios.
4 – Nadar com tubarões
É a cerca de dez milhas dos Capelinhos, no banco Condor, que os mergulhadores nadam lado a lado com tubarões azuis e rinquins, espécies inofensivas ao homem, mas que chegam aos dois metros. Desenvolvida pela empresa Norberto Diver (norbertodiver.pt), o mergulho com tubarões é uma atividade em franco crescimento na ilha, sendo cada vez mais os visitantes que vêm ao Faial só para ter esta experiência. Para além de ser necessária licença de mergulho, os participantes têm sempre de acatar as regras impostas pelo guia. Por exemplo, é proibido tocar nos animais, em especial nas barbatanas. E caso alguém se sinta intimidado pelo dito, é-lhe ensinado como, com um simples movimento das mãos na água, junto às guelras, o pode facilmente afastar.
5 – Observar o fundo do mar num barco com fundo de vidro
Um modo diferente de conhecer os fundos marinhos do Faial. É esta a proposta do Ocean Eye (www.oceaneye.pt), um barco com fundo de vidro que permite observar com nitidez tudo o que se passa debaixo de água. Os passeios são acompanhados por biólogos marinhos e têm uma duração de hora e meia, abrangendo não só a vida animal, mas também a flora oceânica e a geologia marinha, com passagens em grutas costeiras e locais de atividade vulcânica. E no final, se a meteorologia o deixar, há sempre tempo para um mergulho.
6 – Aprender nos museus do mar
Inserido numa antiga fábrica baleeira junto à baía de Porto Pim, o Centro do Mar recria a atividade da caça ao cachalote e possui um Centro de Interpretação Marinha, onde o visitante pode realizar uma viagem virtual através dos ambientes costeiros e oceânicos dos Açores. Mesmo ao lado, no Aquário de Porto Pim, funciona uma estação de peixes vivos na qual podem ser apreciadas as espécies costeiras mais comuns dos Açores. É ainda obrigatória uma visita à Casa Museu dos Dabney, onde é recordado o percurso desta família americana que chegou ao Faial no início do século XIX e que deixou uma herança ainda hoje presente na ilha.
7 – Correr o Trail Faial Costa a Costa
Depois do êxito da primeira edição, a grande rota do Faial voltará a servir de cenário para mais um Azores Trail Run, que inclui o trail dos 10 Vulcões (20 km) e a ultramaratona Faial Costa a Costa (48 km), ambas a realizar no próximo dia 30 de maio. A grande novidade deste ano, num claro reconhecimento das condições únicas desta prova, é a sua inclusão no lote que serve de qualificação para a corrida rainha desta modalidade, o Ultra Trail do Monte Branco.
8 – Provar uma infusão caseira
No centro histórico da Horta, A Casa junta num mesmo local casa de chá, bar e restaurante vegetariano. Seja nas infusões de ervas aromáticas colhidas no jardim, no pão e nos bolos caseiros ou em cocktails, como o gin com xarope de lima caseiro, sálvia e ananás.
9 – Beber um gin no Peter
Ponto de encontro para velejadores do mundo inteiro, o Peter Café Sport é um dos locais que mais bem representa a tradição cosmopolita do Faial. Era aqui que, após meses no mar, os marinheiros comiam a sua primeira refeição quente, sempre acompanhada de um gin tónico.
10 – Tirar férias num veleiro
Foi a paixão pelo mar que levou Nicolau Faria e João Portela a avançar com um inovador serviço de férias (www.sailazores.pt). Na sua base do Faial, contam com quatro embarcações, que alugam em regime charter para os clientes velejarem de ilha em ilha, em itinerários de uma e duas semanas.
11 – Ir à praia a Porto Pin
Outrora base da indústria baleeira do Faial, esta baía de origem vulcânica, com cerca de 350 metros, é hoje o principal centro balnear da ilha. Situada no sopé dos imponentes Montes da Guia e do Queimado, é um verdadeiro cenário paradisíaco, de fina areia negra e águas calmas.
12 – Ver (e ouvir) baleias e cachalotes
Mais de 30 anos passados sobre a proibição da caça da baleia, a tradição baleeira mantém-se viva no Faial. Nos velhos postos de vigia, espalhados um pouco por toda a ilha, os olhos mantêm-se atentos, à procura das baleias na vastidão do oceano, mas já não para as caçar, como durante séculos aconteceu. Hoje, como antigamente, as baleias continuam a ser uma fonte de rendimento, agora fomentada pelos milhares de visitantes que anualmente chegam de todo o mundo, apenas para ver de perto os enormes cetáceos ao todo, são 27 as espécies que podem ser avistadas nos Açores, o que corresponde a cerca de um terço do total das existentes.
“Os vigias continuam a ser a peça central desta atividade. Sem os seus olhos experientes e sem as suas indicações nada disto seria possível”, reconhece Pedro Filipe, da empresa Horta Cetáceos (www.hortacetaceos.com), uma das cinco empresas de observação de cetáceos a operar na ilha. Natural de Cascais, Pedro mudou-se há alguns anos para o Faial e foi aí que se apaixonou por estes animais. “Se puxam por mim sou capaz de estar horas a falar de baleias”, confessa o empresário que, garante, continua a sentir cada avistamento como “um momento único”. Apesar de ser possível observar animais durante todo o ano, é na primavera e no verão que esta atividade tem a sua época alta, quando por aqui passam as enormes baleias de barba ou os não menos imponentes cachalotes. “São sem dúvida as espécies que mais entusiasmam os visitantes”, confirma Pedro, que recentemente instalou um hidrofone no seu barco. “Assim, para além de as verem, todos as podem também ouvir”.
13 – Descer à caldeira e tocar no esfagne
A mais de mil metros de altitude, a caldeira impressiona pela sua dimensão. Formada há 500 mil anos, esta enorme cratera, com dois quilómetros de diâmetro e cerca de 500 metros de profundidade, teve a última erupção há “apenas” 1200 anos. O seu interior é um dos melhores locais em todo o arquipélago para observar a vegetação que cobria estas ilhas antes do seu povoamento, mas devido à necessidade de conservação deste precioso reduto da primitiva laurissilva húmida, o troço da descida à caldeira é o único da ilha que não é de visitação livre, sendo necessária marcação prévia e a presença de um guia credenciado pelo parque natural podem ser realizadas até três descidas por dia, com um número máximo de 12 visitantes. “Aqui estão representadas 47 das 73 espécies vegetais endémicas destas ilhas”, avisa Filipe Ávila, da empresa Casas d’Ávilas (www.casadavilas.com), um dos poucos guias credenciados pelo Parque Natural do Faial para descer à caldeira. A aventura implica percorrer um íngreme trilho, que serpenteia a encosta ao longo de 900 metros. Durante o percurso, Filipe aponta para uma parede de rocha coberta por um musgo avermelhado, o esfagne, que consegue absorver quatro vezes o seu peso em água e portanto importante no armazenamento do precioso líquido para o verão. Já quase a chegar à caldeira, impõem-se uma última paragem, junto a uma nascente que brota da rocha, para matar a sede. Avançamos agora por uma floresta de cedros até finalmente atingir o interior da caldeira, onde nos deitamos, ao sol, num fofo colchão de musgo.
14 – Saborear o peixe do Genuíno
Inaugurado em junho do ano passado, o restaurante Genuíno (Areinha Velha, 9, Horta. T. 292 701 542; www.azoresrestaurants.com/restaurante-genuino) já é numa verdadeira referência da ilha: pela localização privilegiada em Porto Pim, pela comida, claro, mas também, e muito, pelo seu proprietário, Genuíno Madruga, um antigo pescador local e conhecido velejador solitário, que por duas vezes deu a volta ao mundo. “Faço questão de servir o que temos de melhor, o nosso peixe”, explica Genuíno. Também só usa legumes de produção local, numa filosofia que se estende à carta de vinhos, onde predominam os do Pico, Terceira e Graciosa.
15 – Fazer o percurso pedestre do Monte da Guia/Monte do Queimado
Recentemente criado, este novo percurso, de apenas três quilómetros, propõe um passeio que junta história e natureza às portas da cidade da Horta. Tem início na antiga fábrica baleeira de Porto Pim e percorre a costa pelo atalho do Neptuno, subindo depois até ao miradouro do Monte da Guia e descendo pelo atalho do Bacalhau, para subir novamente o vizinho Monte do Queimado, de onde se pode apreciar uma vista panorâmica sobre a baía da Horta, antes de terminar em pleno areal da praia de Porto Pim.
TERCEIRA
16 – Calcorrear Angra do Heroísmo, Património da Humanidade
No horizonte o mar, sereno, repousa num tom prateado e o sol forte impõe-se sobre a neblina que de manhã cedo escondia, como uma cortina, a baía de Angra do Heroísmo. Desde o Alto da Memória, obelisco do século XIX, erguido em homenagem à passagem de Pedro IV de Portugal, percebe-se, pela paisagem privilegiada sobre a cidade, que a costa e o centro histórico, classificado como património mundial pela Unesco (1983), são parte essencial da história da Ilha Terceira. Antes chamada pelos navegadores como Ilha de Jesus Cristo foi abalada, há 35 anos, por um sismo violento de 7,2 na escala de Richter. É desde esta panorâmica de 180 graus, de onde se avista uma espécie de puzzle formado por edifícios integrados na natureza, que se cruza o conhecimento sobre a Terceira: cultura, gastronomia, economia, política, arquitetura e crenças religiosas. “Vemos a malha urbana de Angra do Heroísmo, a rua direita, que ia desde a baía até à casa onde se cobrava o imposto [de mercadorias]”, explica Paulo Mendonça, produtor de vinho na Terceira e apaixonado pela história daquela que foi a primeira cidade atlântica a ser formada, no século XVI. Ele continua o entusiasmo com os seus olhos claros resistindo à luz forte do sol: “Conseguimos ver, ainda, a Sé Catedral, o forte de São Sebastião, a Fortaleza de São João Baptista, as serras do Morião e da Ribeirinha e o Monte Brasil, com a Casa do Regalo, situada no topo da Tapada das Necessidades, onde esteve exilado Gungunhana, no século XIX, o último imperador do Império de Gaza, atualmente Moçambique, capturado pelo oficial português Joaquim Mouzinho de Albuquerque”.
Angra do Heroísmo, cujo centro tem hoje cerca de dez mil habitantes (cerca de 35 mil em toda a ilha), é considerada a capital histórica dos Açores e o facto de os antepassados terceirenses terem resistido à presença espanhola no século XVI enche de orgulho os habitantes. “Chegamos a ser o único território português independente”, recorda Mendonça, que tem também uma ligação forte à arquitetura. É, talvez por isso, que tem a história da ilha bem ordenada na memória, não hesitando nas descrições. “A Terceira é, de facto, um complemento muito importante da história de Portugal e dos Descobrimentos, pois foi passagem obrigatória da carreira da Índia, reabastecendo e dando assistência aos barcos carregados de mercadorias, por isso foi aqui instalada a Provedoria das Armas e construíram-se estaleiros navais.” Com esta raiz histórica, facilmente se percebe por que razão as especiarias entraram na gastronomia local, carregadas a bordo de galeões, naus e caravelas, enriquecendo os homens que nesta ilha deixaram, ainda, uma arquitetura patrimonial abastada, como as casas apalaçadas e igrejas faustosas no interior. É, por isso, que passear por Angra do Heroísmo, a cidade dos Sete Frisos de calçada portuguesa, ao redor da Praça Velha, o centro da cidade, por excelência, desenhada por Maduro Dias, é uma viagem à memória da portugalidade e às influências na cultura portuguesa.
17 – Degustar os sabores locais
Cheira a canela à entrada de O Forno. O aroma intensifica-se à medida que se aproxima da cozinha. Em cima do balcão, além da especiaria, há farinha de milho, gemas, manteiga derretida, uvas passas e mel de cana. José Manuel, o pasteleiro, mistura tudo com destreza, enquanto Ana Maria Costa, a proprietária desta pastelaria afamada, explica que doce artesanal é este. “Os bolos Dona Amélia são uma tradição da Terceira, desde que, [em 1901], a rainha Dona Amélia e o rei Dom Carlos visitaram a ilha”, diz. “Na época, queriam dar à rainha algo que impressionasse e nasceram as Donas Amélias, usando ingredientes que são uma influência dos Descobrimentos.” Ana Maria tem a receita tradicional destes doces, escritos nos livros da família, e este é o aroma da sua infância. Pesquisou e experimentou muito, pois as medidas estavam em “centavos e não em gramas”. Hoje vende “cerca de 15 mil amélias, por mês, no verão” (€1,20/unidade). Também a alcatra servida em vários restaurantes terceirenses, com rabadilha, toucinho fumado e chambão com osso, prato açoriano típico da ilha da Terceira, é temperada com canela e mais especiarias como pimenta-da-jamaica. Hoje já existem algumas variações de alcatra com peixe e marisco, mas é quase obrigatório o uso do alguidar de barro para confeccionar esta especialidade. Aliás, no passado, as mulheres terceirenses quando casavam eram presenteadas pelas mães com esta peça para que a tradição não se perdesse.
18 – Entrar num dos 45 impérios do Divino Espírito Santo
Na sabedoria popular açoriana, graceja-se que “exist em oito ilhas e um parque de diversões, que é a ilha Terceira”. Em parte, deve-se ao facto de a ilha ter 45 impérios, o maior número de Irmandades do Divino Espírit o Santo, festa popular, inspirada na Santíssima Trindade, que acontece depois da Páscoa, prolongandose até ao oitavo domingo seguinte, apesar de já ser comum est enderem-se até ao verão, por causa dos emigrant es. Ou seja, a Terceira está sempre em festa. As freguesias são enfeitadas, coloridamente, e os pagadores de promessas oferecem as sopas do Espírito Santo, que levam carne e pão, e são servidas com massa sovada e vinho de cheiro.
19 – Ir à casa de Vitorino Nemésio
Contemplando o mar desde a Praia da Vitória, na zona leste da ilha, respira-se maresia, sente-se a lonjura e a sensação de se ser ilhéu. Foi nesta ambiência que viveu o escritor Vitorino Nemésio. A casa do autor de Mau Tempo no Canal está transformada em núcleo museológico sobre a sua vida e obra. A poucos metros, daqui fica o restaurante O Pescador, hoje gerido por José Almerindo, 54 anos, paragem obrigatória para quem quer conhecer a tradição marítima açoriana no paladar: lapas, peixe (abrótea e veja, por exemplo) e lulas grelhados. Para terminar, o tradicional licor de Nevêda, que é oferecido pelo proprietário. (Valor médio por refeição c/bebida: €20).
20 – Trilhar os Mistérios Negros
De longe, vislumbram-se três domos negros, plasmadas na paisagem, no alto, no flanco leste do vulcão Santa Bárbara. São acumulações de lavas que ainda não têm vegetação. Em 1761, “arrebentou o fogo por detraz dos Picos Gordos e veio fogo do chão arrojando a terra até o indicado sítio do Mystrério Velho”, lê-se no painel interpretativo no início do trilho oficial (trilhos.visitazores.com/), reproduzindo um texto da autoria de José Acúrcio das Neves, que descreve a erupção dos Mistérios Negros. O percurso começa no Gruta do Natal e dura duas horas.
21 – Jogar golf
Com paisagem de várias texturas de verde, o Clube de Golf da Ilha Terceira (www.terceiragolf.com) é dos mais propalados de Portugal e o golf por aqui é considerado atividade tradicional e popular (€30/dia-€150/ vários dias).
22 – Assistir à tourada de corda
De maio a outubro, festeja-se, nas 30 freguesias, uma corrida de quatro touros de raça brava, controlados por uma corda. Esta festa tauromáquica, tradicional dos Açores, é de tão importante que, atualmente, existem cerca de 13 ganadarias registadas.
23 – Contemplar Porto Negrito
Usado hoje em dia como zona balnear, Porto Negrito, em São Mateus da Calheta, zona piscatória, é parte da história da tradição da caça da baleia na ilha. No forte do Negrito, resta ainda parte do forno onde se fazia o óleo.
24 – Ouvir jazz em Angra
Desde 1999 que, todos os anos, em outubro, o AngraJazz (www.angrajazz.com), Festival de Jazz de Angra do Heroísmo, anima a ilha Terceira durante quatro noites, com figuras de renome deste estilo musical, introduzido na Terceira pelos norte–americanos.
25 – Perscrutar o centro da terra
Chega-se ao Algar do Carvão (€5), depois de se passar por uma planície de verde frondoso, com vacas e uma neblina ténue, típica da paisagem terceirense. Entra-se neste Monumento Natural, ex-líbris espeleológico, passando por um túnel escavado pela Associação dos Montanheiros (www.montanheiros.com/algarCarvao), aliás, gestora do espaço, e para-se antes de se descer as escadas íngremes, porque os olhos terão tendência para olhar o alto. Vê–se uma chaminé imponente, por onde entra a única luz natural. Está-se dentro de um vulcão inativo, experiência rara e, ao redor, há espessas escoadas lávicas em várias camadas. Ouvem-se gotas a pingar no lago formado pela chuva e o resto é silêncio povoado de estalactites e estalagnites que o tempo ajudou a formar. Sente-se a humidade, típica da floresta da macaronésia e percebe-se que, neste centro telúrico, a natureza conta a história de um vulcão que existiu. Já a terra, ao redor, continua ativa, sobretudo no setor sul do vulcão do Pico Alto, como é o caso das Furnas de Enxofre, em Porto Judeu, a cerca de um quilómetro e meio do Algar do Carvão. Nesta área, a terra vermelha está húmida e decorada pela natureza com um verde-fofo e amarelo-torrado, devido à presença do enxofre. É possível caminhar, no trilho organizado, e contemplar as fumarolas que se evidenciam na paisagem. A cinco quilómetros, fica a Gruta do Natal, anteriormente denominada de Galeria Negra, com um tubo de lava de cerca 700 metros, que pode ser percorrido quase todo.
Horários mar-mai: 15h-17h30; jun: 14h30-17h45h; jul e ago: 14h-18h; set: 14h30-17h45; out: 15h-17h30
26 – Bronzear-se em Biscoitos
Quem chega a Biscoitos, na região nordeste, logo percebe a imposição do basalto negro na paisagem, pois a terra deriva da lava seca dos vulcões, que no arquipélago se dá o nome de “biscoito”, numa clara analogia ao pão que levava duas cozeduras de forma a se aguentar durante as viagens marítimas. Essas antigas erupções vulcânicas formaram sulcos, junto ao mar, originando piscinas naturais, calmas e vigiadas. A área foi beneficiada com uma plataforma acessível, apetecível para o bronze e ideal para toda a família.
27 – Desbravar a ilha num todo-o-terreno
Sentir a terra num jipe todoo-terreno (€30), parar em terra brava e transpor pedregulhos na Reserva Florestal da Serreta são algumas das emoções que Rui Campos, da AzoresXperience (azoresxperience.com/) e apaixonado por TT proporciona. “A Terceira tem condições extraordinárias para esta prática e, por isso, temos algumas tendas confortáveis no topo do jipe, para quem quiser passar a noite no meio da natureza”, afirma. Além disso, Rui disponibiliza uma bola Zorb (€10) e organiza passeios pedestres.
28 – Explorar a costa sudeste
O designer Paulo Mendonça realça que a ilha tem segredos por explorar. Da varanda do hotel Terceira Mar Hotel, a-ver-o-mar, tem-se uma ideia dessas entrelinhas. Mendonça concretiza: “Por exemplo a Baía da Salga, [em São Sebastião], foi o local da batalha da Salga, [em 1581]: Brianda Pereira soltou touros bravos sobre o exército espanhol, obrigando-o a retirar-se.” A dois quilómetros daqui, avistam-se “os Ilhéus da Mina, paisagem selvagem e habitat de dezenas de espécies de aves”.
29 – Beber Muros de Magma
A Adega Cooperativa dos Biscoitos (www.facebook.com/ adegacbiscoitos), na Praia da Vitória, produz vinho verdelho “com o saber do enólogo Anselmo Mendes”, destaca Paulo Mendonça, presidente da instituição. É o caso dos vinhos Magma (€7) e Muros de Magma (€20).
30 – Ir à queijaria Vaquinha
Mal se entra no café da queijaria Vaquinha (www.facebook.com/ queijovaquinha), em Cinco Ribeiras, João Melo, o proprietário convida a que se provem os queijos: sem sal (€4,5), Ilha Terceira (€7), picante (€7), tipo ilha (€7,5) e fresco (€0,5). Depois mostra, entusiasmado, o processo de fazer queijo e iogurte, abrindo os armazéns-frigoríficos onde guarda centenas de queijos.
31 – Mirar os cerrados
Quem olha a ilha Terceira desde o Miradouro da Serra do Cume, concelho da Praia da Vitória, percebe por que razão lhe chamam “manta de retalhos”. Desde o topo desta herança vulcânica, avista-se, de um lado, a baía e a cidade, bem como a planície das Lajes e a Base aérea; do outro lado, o olhar estende–se sobre quadrados verdes, divididos por linhas escuras que são os muros pequenos de origem vulcânica.
32 – Dormir numa casa tradicional
A Quinta do Martelo (www.quintadomartelo.net) é, simultaneamente, uma exploração agrícola biológica, museu etnográfico, alojamento turístico e restaurante tradicional. Fica a cinco quilómetros do centro de Angra do Heroísmo e é uma viagem no tempo, pois remonta ao século XVIII: desde a história dos ofícios a casas rurais da ilha Terceira. A receção, por exemplo, é uma mercearia antiga. A partir de 72 euros.
FLORES
33 – Trilhar as Sete Lagoas
São sete as crateras vulcânicas existentes na ilha, onde se formaram outras tantas lagoas. Na zona sul, ficam a Caldeira Rasa e a Caldeira Funda, que apesar de muito próximas, estão situadas a cotas diferentes. Bem no centro da ilha encontram-se as caldeiras Branca, Seca, Comprida e a Negra (ou Funda), esta última com 105 metros de profundidade é conhecida pelos tons azulados da sua água. E, um pouco mais isolada, a uma altitude de 550 metros, está a Caldeira da Lomba. Melhor forma de as observar: percorrer o trilho, de 7 km, entre o Miradouro das Lagoas e o Poço do Bacalhau.
34 – Visitar a Gruta dos Enxaréus
A imensa beleza natural da ilha é sublinhada por fenómenos geológicos únicos, como a Gruta dos Enxaréus, uma enorme cavidade vulcânica, situada à beira-mar, com cerca de 50 metros de comprimento e 25 de largura, que pode ser visitada apenas de barco. Reza a lenda que, devido à sua enorme dimensão, esta gruta servia como esconderijo aos navios piratas que, em tempos, assolavam estes mares.
35 – Iniciação ao canyoning
O relevo bastante acidentado, de vales profundos e picos elevados, associado à grande abundância de água, faz desta ilha o local perfeito para a prática de canyoning. Existem quase quatro dezenas de percursos, devidamente sinalizados e equipados, e aconselhados a todo o tipo de praticantes, desde os mais experientes aos iniciados. Um dos maiores atrativos das Flores são mesmo as cascatas. A mais imponente é a da Ribeira Grande, com uma queda de água de centenas de metros.
GRACIOSA
36 – Descer à Furna do Enxofre
A Caldeira da Graciosa é um dos locais mais emblemáticos da ilha. Esta depressão de colapso de forma elíptica, com cerca de 270 m de profundidade, alberga um fenómeno vulcânico único no mundo, conhecido como Furna do Enxofre: uma cavidade em abóbada perfeita, com dezenas de metros de altura na sua parte central, onde se esconde um lago subterrâneo de água fria e sulfurosa, bem como uma fumarola com lama, responsável pelo cheiro a enxofre a que deve o nome. A melhor altura para visitar “a Catedral”, como também é conhecida esta furna, é ao final da manhã e princípio da tarde, quando os raios de sol iluminam o seu interior.
37 – Mergulhar no Naufrágio Terceirense
A poucos minutos de barco da praia de São Mateus, a única de areia existente na Graciosa, encontra-se o local de mergulho mais famoso desta ilha, o Naufrágio Terceirense. A cerca de 20 metros de profundidade, este cargueiro de 40 metros, afundado em 1968, é hoje habitado por uma exuberante vida marinha, como meros, garoupas, castanhetas e peixes rainha.
38 – Relaxar nas Termas do Carapacho
Situadas numa baía com vista para os Ilhéus do Carapacho, mesmo no sopé da Caldeira, estas termas são conhecidas desde o século XVIII, quando as suas “águas cloretadas, sódicas, sulfatadas e cálcicas”, vindas diretamente da Furna do Enxofre, começaram a ser usadas no tratamento do reumatismo e doenças de pele. Hoje, as termas estão associadas ao empreendimento Graciosa Resort Hotel (Porto da Barra, Santa Cruz da Graciosa; Tel.: 295 714 212; www.graciosahotel.com/ termas.php), que tem apostado também na vertente de bem-estar.
S. JORGE
39 – Descobrir a Fajã de Santo Cristo
Chegou a ter 200 habitantes, mas hoje é sobretudo local de romaria – espiritual e não só
Histórias e tradições
Quem hoje chega a este lugar dificilmente imaginará que em tempos já foi uma das mais importantes fajãs de São Jorge. O êxodo ocorreu depois do sismo de 1980, quando a derrocada das arribas isolaram a aldeia, obrigando a maioria dos habitantes a fixar residência noutros pontos da ilha. Hoje, apenas dez pessoas vivem na Fajã, mas muitas das habitações têm sido recuperadas como casas de férias. Um dos locais mais emblemáticos é a igreja de Santo Cristo, um templo do século XIX que ainda hoje é local de romaria. Reza a lenda que terá sido construída após um homem ter encontrado uma imagem do Senhor Santo Cristo a boiar nas águas da lagoa. Depois de a pôr no seu quarto, a imagem voltaria a aparecer, na manhã seguinte, junto às margens da lagoa.
Natureza em estado puro
A par da vizinha Fajã dos Cubres, também a Fajã da Caldeira se distingue das restantes fajãs da ilha, pela existência de uma lagoa no seu interior, mas neste caso de água salobra e sujeita às marés. Esta raridade em ilhas vulcânicas oceânicas permitiu criar aqui um ecossistema único e de elevada biodiversidade, classificado como Reserva Natural e Sítio de Importância Internacional, que alberga fauna e flora variada. É também um local de eleição para a observação de aves, de passagem ou residentes, como o cagarro, o garajau-rosado ou o garajaucomum, três das espécies protegidas que aqui nidificam.
A caminho do paraíso
Sem acesso a automóveis, os únicos modos para aqui chegar é de barco, a pé ou de moto 4, o meio de transporte que nos últimos anos substituiu os burros. O percurso mais bonito é o que desce desde a Serra do Topo, a uma altitude de 700 metros. São cerca de 5 km através de pastagens e paisagens naturais únicas, por um caminho que serpenteia o vale, com passagem por cascatas de água cristalina, que convidam a um mergulho. Ao longe já se avista a fajã, com o seu casario disperso ao longo da lagoa. Já falta pouco para chegar ao paraíso…
Em busca da onda perfeita
Já lá vão 10 anos desde que David Moreira aqui chegou com um objetivo bem definido: transformar a Fajã da Caldeira numa das capitais açorianas do surf. Com as próprias mãos, recuperou e ampliou a velha casa onde em criança passava férias com os pais, transformando-a num surf camp (www.caldeirasurfcamp.com) procurado por surfistas do mundo inteiro. “Adoram o ambiente, a paisagem e, claro, as ondas. Dizem que é um dos poucos tesouros ainda por descobrir, até por que mesmo quando não há ondas, há muito que fazer, como ir à pesca ou tomar um banho de cascata”, afirma David, que vive na Caldeira durante quase todo o ano.
Amêijoas deliciosas
É ainda hoje um mistério como e porquê terão sido introduzidas as amêijoas na lagoa da Fajã de Santo Cristo. O que se sabe é que já lá estão vai para mais de 100 anos e que aqui encontraram um habitat perfeito, como se constata pelo seu tamanho, sendo hoje a única amêijoa explorada comercialmente nos Açores. Há quem diga que foram trazidas do continente, outros garantem que terá sido um antigo emigrante nos Estados Unidos ou ainda os trabalhadores ingleses do Cabo Submarino, mas se tivermos em conta que nesse tempo não havia frigoríficos e a espécie em questão (Ruditapes decussatus) sobrevive poucas horas fora de água…
40 – Fazer canyoning nas cascatas
Com dezenas de cascatas, algumas delas com dezenas de metros, espalhadas um pouco por toda a ilha, São Jorge tem-se assumido nos últimos anos como um destino de eleição para a prática de canyoning, um desporto que consiste em explorar progressivamente um curso de água, transpondo os obstáculos verticais e aquáticos através de rapel ou simplesmente saltando para a água. “É uma ilha com condições únicas para o canyoning”, explica Luís Paulo Bettencourt, um dos pioneiros desta modalidade nos Açores e um dos primeiros a apostar no turismo de aventura em São Jorge, com a criação, em 2000, da empresa Aventour. Longe vão os tempos em que Luís começou a aventurar-se pelas cascatas da sua ilha natal, com um arnês construído pelo próprio e uma corda roubada ao pai. “Tenho muita sorte em ser pago para fazer o que gosto”, diz, enquanto nos guia pela Ribeira do Caldeirão, nas proximidades da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, numa sucessão de pequenas e médias cascatas que servem como iniciação à modalidade. “Este é um percurso relativamente fácil, mas temos aqui na ilha descidas verticais com algumas dezenas de metros, que terminam no mar e por essa razão são cada vez mais procuradas por praticantes de todo o mundo”, revela Luís, também mentor do projeto Açores no Topo do Mundo, que o tem levado ao cume de algumas das montanhas mais altas de cada continente, como o Kilimanjaro, na Tanzânia, ou o Monte Kosciuszko, na Austrália. “O objetivo é terminar no Evereste”, garante.
41 – Tomar banho nas piscinas naturais da Fajã do Ouvidor
Na freguesia do Norte Grande, a Fajã do Ouvidor é hoje um dos principais locais de veraneio da ilha, sendo a única que possui discot eca, café, restaurante e farol, para além de vários edifícios de construção moderna que já quase suplantam em núme -ro as antigas casas em pedra. Uma das principais razões de tamanha procura são as célebres piscinas naturais da Poça Simão Dias, quase sempre lotadas durante o verão. Mesmo ao lado, mas bastante menos concorrida, a Poça do Caneiro é uma boa alternativa para quem preferir um pouco de sossego na hora de ir a banhos. O acesso é mais difícil e exigente do ponto de vista físico, mas a recompensa de nadar nas suas águas límpidas vale bem o esforço.
42 – Subir ao Pico da Esperança
São Jorge tem o seu ponto mais elevado no Pico da Esperança, com 1056 metros de altitude, de onde pode apreciar-se uma panorâmica sobre todo o grupo central. Daqui parte um trilho que percorre a cordilheira montanhosa em direção ao mar, com passagem pelos picos da Esperança, do Areeiro, do Pinheiro, Alto, das Pedras e das Brenhas, percorrendo as crateras de antigos vulcões por um território quase selvagem onde abundam as plantas endémicas, entre elas a Platanthera azorica, considerada a orquídea mais rara da Europa
43 – Praticar espeleologia
São diversas as cavidades vulcânicas para a prática da espeleologia: o Algar do Montoso, o maior dos Açores, apenas aconselhável a praticantes mais experientes, ou pequenas grutas como a Furna do Poio, junto à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, conhecida pela praia de areias finas.
44 – Cheirar o queijo
Um dos produtos mais conhecidos da ilha é, claro, o queijo de São Jorge, uma denominação de origem protegida (DOP) reservada em exclusivo para este queijo de consistência firme e pasta amarelada dura, fabricado com leite de vaca cru na Região Demarcada do Queijo de São Jorge que abrange todo o território da ilha. Atualmente existem na ilha seis cooperativas que o fabricam, como é o caso da fábrica da Leitaria da Beira (Beira, Velas; T. 295 438 279; www.lactacores.pt), de onde saem anualmente cerca de 30 mil queijos. “Leva apenas leite cru, sal e coalho. Para fazer um queijo de dez quilos são necessários 100 litros de leite”, explica Andreia Menezes, a diretora de qualidade desta unidade, que, de terça a quinta, abre as portas aos visitantes. Depois de passar quatro horas nas formas, os queijos seguem para as prensas, onde passam dois dias, seguindo-se um mês de secagem e uma cura nunca de três a sete meses.
45 – Visitar as fajãs
Também chamada de ilha das fajãs, São Jorge conta com mais de 70 destes acidentes geográficos, criados a partir de abatimentos da falésia ou de escoadas lávicas, que as populações transformaram em pomares e campos de cultivo. A mais conhecida de todas é a da Caldeira de Santo Cristo, de onde parte um caminho que percorre a costa, com passagem pela Fajã dos Tijolos e Fajã do Belo até à Fajã dos Cubres. Tal como na vizinha Fajã de Santo Cristo, também aqui existe um sistema lagunar, classificado como Sítio de Importância Internacional, por servir de habitat a várias aves aquáticas. Nas margens da Lagoa, o gado pasta livremente, em especial durante o inverno, quando os criadores do Norte Pequeno e da Ribeira Seca que ainda praticam a transumância para aqui trazem os seus animais. Um dos melhores modos de conhecer as fajãs é percorrer a pé os trilhos que as ligam, como o que parte da Fajã dos Vimes em direção à Fragueira, uma fajã onde ainda permanecem as ruínas da casa onde viveu o compositor Francisco de Lacerda, natural de São Jorge. Também da Fajã dos Vimes, mas no sentido oposto, parte o trilho que liga à pitoresca Fajã de São João, conhecida pelas suas casas de pedra negra e pelos seus vinhos, licores e aguardentes. O trilho percorre a falésia, aqui e ali cortada por imensas quedas de água, junto a socalcos cultivados com inhame e árvores de fruto, num passeio que termina ao balcão da taberna Águeda, onde o senhor Belarmino faz questão de dar a provar a sua Angelica, um vinho licoroso típico dos Açores, perfeito para recuperar as forças.
46 – Andar de barco à volta da ilha
Uma das melhores maneiras de apreciar a geografia de São Jorge é num passeio de barco à volta da ilha, como os que este ano vão começar a ser realizados, a partir do porto da Calheta, pela Mar Azores. “Vistas do mar, as encostas, as fajãs e as quedas de água ganham um novo encanto”, assinala Márcio Avelar, um dos skippers da empresa.
47 – Assistir ao pôr do Sol na Ponta dos Rosais
Com cerca de 12 hectares, o Parque Florestal das Sete Fontes é um dos mais importantes, onde podem ser observadas espécies endémicas como as criptomérias, os fetos ou as azáleas. Percorrido por inúmeras veredas ladeadas por ribeiras e nascentes, conta com diversos espaços de lazer. A cinco quilómetros do parque, a Ponta dos Rosais é de visita obrigatória para apreciar o pôr do Sol.
48 – Passear pela vila histórica do Topo
É a Willem van der Hagen que é atribuído o início da povoação da ilha, precisamente no local onde fica a Vila do Topo, uma pequena localidade conhecida pelo porto de pesca e edifícios históricos como o Solar dos Tiagos, hoje em ruínas e em cuja capela anexa está sepultado este nobre flamengo (mais tarde batizado de Guilherme da Silveira). Num miradouro adjacente à vila é possível avistar o Ilhéu do Topo, umas das zonas de pastagens mais ricas de São Jorge, onde o gado chega a nado, rebocado por um barco.
49 – Comer no restaurante Fornos da Lava
Aberto em 2003 pelo galego Joaquim Alvarez, o Fornos de Lava apostou na qualidade dos sabores locais para se afirmar como uma das referências gastronómicas da ilha. Construído sobre uma antiga eira e inserido numa quinta de produção biológica, destacam-se, entre outros, pratos como o bife de vitela com crosta de queijo de São Jorge ou a cataplana de peixe.
50 – Saborear uma espécie e um charuto
Já é raro encontrá-las, mas nalguns locais, como no Café Gambão, no Norte Pequeno, ainda é possível degustar uma espécie caseira. Estes bolos em forma de ferradura, com sabor a erva-doce e canela, cobertos por uma massa estaladiça, são um dos doces mais típicos de São Jorge, a par dos charutos, pequenos cilindros cobertos de chocolate.
PICO
51 – Percorrer as vinhas Património Mundial
Numa ilha de paisagem inóspita, nascida da lava e esculpida pelos elementos, os vinhedos do Pico são um monumento ao engenho e imaginação do homem, que aí criou sustento a partir do nada. Para onde quer que se olhe só se vê pedra, pedras negras empilhadas à mão umas sobre as outras, num labiríntico rendilhado de muros, Património Mundial da Unesco desde 2004. É lá que são cultivadas as uvas das castas verdelho, arinto e terrantez, com as quais é feito o célebre vinho do Pico, que chegou a ser servido à mesa dos czars russos e cuja primeira referência data de 1591, segundo uma crónica de Gaspar Frutuoso.
O Lagido de Santa Luzia é um dos locais obrigatórios para quem quiser conhecer melhor esta tradição. Aqui existe um centro de interpretação, armazém de pipas tradicional e um alambique ainda em funcionamento, onde é feita a conhecida aguardente de figo. Chegamos a Santa Luzia a pé, depois de percorrer o trilho de Sant’Ana, que acompanha a costa até esta localidade ribeirinha, com as suas casas em pedra negra. À volta, abundam adegas, armazéns, currais e curraletas, as parcelas minúsculas, em socalco, onde as vinhas eram cultivadas no chão de lava preta, hoje de novo plantadas.
A cultura da vinha terá sido introduzida na ilha ainda no século XV, pelos primeiros povoadores e, mais tarde, por monges franciscanos e carmelitas. Impossibilitados de cultivar cereais sobre o lagido, como acontecia nas outras ilhas, improvisaram esta engenhosa solução, com as videiras a serem plantadas nas fendas das rochas. Foi ainda necessário proteger as plantas do vento forte e da maresia salgada vinda do mar, surgindo assim os muros, que, por serem feitos de basalto, funcionavam também como estufa, acumulando calor durante o dia e libertando-o à noite. Um processo que acentuava a doçura das vinhas e garantia a qualidade do vinho licoroso. Com o passar do tempo, foi criada toda uma estrutura de transporte, armazenamento e escoamento do vinho que ainda hoje se mantém praticamente intacta: rolas-pipas, ancoradouros ou rilheiras, nome pelo qual são conhecidos os caminhos na rocha, ao longo da costa, escavados pelos rodados dos carros de bois.
O vinho do Pico, um licoroso branco seco, à base da casta Verdelho, atingiu o seu auge entre o século XVIII e XIX, quando era o favorito de muitas casas nobres do norte da Europa.
Avançamos agora pelo Lagido da Criação Velha, símbolo maior da paisagem protegida, seguindo, sempre junto à costa até ao Mingato, um pequeno e quase esquecido aglomerado de casas e currais, totalmente em ruínas, que simbolizam bem a importância do vinho na vida destas gentes. Já no lugar de Fogos, a chuva que começa a cair obriga a procurar abrigo na única porta aberta, por coincidência uma velha adega, onde Manuel Melo e alguns amigos se preparam para provar o vinho. “Não querem entrar?”, pergunta o antigo emigrante nos EUA.
52 – Visitar o Museu do Vinho
Instalado no antigo convento carmelita da Madalena, o Museu do Vinho (Rua dos Baleiros, 13, Madalena; T. 292 672 276) é constituído por dois edifícios: um de dois pisos, que recria uma casa, com espaço para habitação e adega, com uma exposição permanente sobre a tradição da cultura da vinha nesta ilha; e um segundo, onde fica o alambique. Possui ainda com um miradouro com vista para os currais e uma mata de dragoeiros, só por si merecedora de visita. São também organizados passeios às vinhas e provas de vinho.
53 – Ir à adega cooperativa
Depois de, no século XIX, as pragas terem arruinado as vinhas do pico, lançando metade da população da ilha para a emigração, a partir dos anos 50, com a criação da Cooperativa Vitivinícola do Pico (www.picowines.net), esta cultura ganhou nova vida e está hoje de novo em alta na ilha, como se depreende da quantidade de vinhas a serem reconquistadas à natureza. O célebre Lagido Superior, “um vinho licoroso seco”, como o descreve a enóloga açoriana Maria Alvares, responsável pelos vinhos da cooperativa, assume-se como a joia da coroa desta casa que, desde os anos 90, produz também uma vasta gama de vinhos de mesa “com cada vez maior procura”, como o Frei Gigante, o Terras de Lava ou o Basalto.
54 – Chegar ao ponto mais alto de Portugal
“Já viu como o Pico está bonito hoje?”. É assim, com esta interrogação em forma de cumprimento que muitas vezes são dados os bons dias no Pico.
A montanha mais alta de Portugal (2 351 metros) é o orgulho dos habitantes desta ilha e, sempre que o sol brilha e as nuvens se afastam, é com indisfarçável orgulho que os locais lembram uns aos outros e aos forasteiros o quanto o Pico é realmente bonito. Foi também esta paixão que levou Cecília Jorge, 45 anos, a tornar-se guia de montanha na empresa Caminhando (www.facebook.com/pages/Caminhando-Pico/850862904936453?fref=ts), cuja principal atividade é precisamente as subidas ao Pico. “É um modo de partilhar este local único com quem nos visita”, explica, enquanto nos conduz pelo trilho em direção ao topo. O ponto de partida é a Casa da Montanha, local de paragem obrigatório para quem quiser subir ao Pico, onde, para além de serem fornecidas diversas informações, se faz o registo de controlo das subidas à montanha. Fica a cerca de 1200 metros de altitude e, a partir daqui, só dá para seguir a pé, percorrendo um trilho de 3800 metros até ao topo, a partir do qual podem observar-se todas as ilhas do grupo central. O percurso pode ser feito de dia ou de noite, dormindo no topo, para poder observar o nascer do Sol “um momento único”, garante Cecília. Apesar de não ser uma subida muito técnica, a subida é considerada de grau de dificuldade médio a elevado, pelo que, para além de boa forma física, é necessário tomar alguns cuidados. “Aconselho a que venham agasalhados com roupa por camadas e a trazer uma muda seca, para o caso de chover, porque o tempo, aqui, é muito instável”, avisa Cecília, que aconselha também a levar sempre água e alguma comida. Neste dia o tempo não esteve de feições, com a chuva e o vento forte a interromperem a jornada pouco acima dos 1500 metros. Nada que desanime. Muito pelo contrário, apenas aumentou a vontade de voltar. E depressa…
55 – Conhecer o parque florestal da Prainha
Na costa norte da ilha, a Reserva Florestal de Recreio da Prainha ocupa uma área de 15 hectares e prolonga-se por mais de dois quilómetros ao longo do Mistério da Prainha, uma zona formada pelas escoadas de lava basáltica resultantes da erupção histórica de 1562, agora coberta por vegetação autóctone, como a urze e a faia-da-terra. O espaço conta com zonas de merendas, parque infantil, polidesportivo e um extenso relvado próximo da Baía de Canas, uma zona de adegas junto ao mar, também ela merecedora de visita. No Centro de Divulgação Florestal, o visitante pode ainda ver estruturas como a eira, o moinho, a adega e a atafona, que testemunham a importância da floresta no dia-a-dia das populações rurais desta ilha.
56 – Atravessar a ilha pelo percurso pedestre da Rota dos Burros
Com início no planalto central do Pico, numa das zonas mais bem preservadas da ilha, onde a paisagem se mantém quase intocada, este trilho de pouco mais de 10 km atravessa a ilha de sul a norte. Ao longo do percurso podem ser avistados diversos locais ligados à história geológica do Pico, como a zona conhecida como Cabeços do Mistério, onde teve início a erupção de 1562-64, a mais longa desde o povoamento dos Açores. O trilho tem duas variantes, podendo optar-se por terminar em São Miguel Arcanjo ou por continuar até à Baía das Canas, uma zona ligada à cultura do vinho, junto ao Parque Florestal da Prainha, onde ainda subsistem diversas adegas.
57 – Ver São Jorge a partir do miradouro da Terr’alta
Localizado no lugar da Ladeira da Terra Alta, este miradouro encontra-se literalmente suspenso, no alto de uma escarpa com 415 metros de altitude. Devido à sua localização privilegiada, fronteira ao mar, permite apreciar uma vista panorâmica sobre as freguesias ribeirinhas de Santo Amaro e Ribeirinha, o oceano e para a vizinha ilha de São Jorge.
58 – Andar pela Rota da Faina Baleeira
São diversos os locais no Pico que mantêm viva a tradição da faina baleeira na ilha. É o caso da vila das Lajes, porventura a localidade onde se concentra o maior património baleeiro dos Açores. Uma memória do passado que também é presente e futuro, pois foi aqui que, no início dos anos 90, começou a atividade de observação de cetáceos nos Açores, com a empresa Espaço Talassa (www.espacotalassa.com), fundada pelo francês Serge Viallelle. Desde então, especialmente na primavera e verão, a freguesia tornou-se numa das mais cosmopolitas da ilha, animada por hordas de visitantes oriundos de todo o mundo. Bem no centro da vila, o Museu dos Baleeiros retrata, com utensílios de época, toda a dureza desta faina, bem patente num documentário realizado na década de 70, a que o visitante pode assistir neste local.
Também nas Lajes, a antiga fábrica da baleia SIBIL, que no início da década de 50 do século passado se dedicou à transformação dos grandes cetáceos em óleos e farinhas, está agora transformada num Centro de Artes e de Ciências do Mar, com zona museológica dedicada à indústria baleeira e uma exposição permanente, em formato multimédia, sobre a biologia dos grandes cetáceos. Outro local de visita obrigatória é a pequena localidade da Calheta do Nesquim. “Foi aqui que, em meados do século XIX, teve início a caça à baleia nesta ilha, implementada pelo capitão Anselmo da Silveira”, explica Ana Carmo, guia da empresa Abegoaria (aventura.a-abegoaria.com), que, entre outras atividades, organiza visitas pelos locais mais importantes da Rota da Faina Baleeira. A importância desta atividade está bem patente, por exemplo, na Igreja de São Sebastião, com os trincos das portas em osso de baleia, ou no pequeno núcleo museológico da Casa dos Botes, onde a jovem Tatiana Ferreira, “filha, neta e bisneta de baleeiros”, explica aos visitantes como funcionavam os botes usados na caça aos cetáceos, que ainda hoje navegam em animadas regatas.
59 – Visitar a gruta das Torres
A Gruta das Torres, com mais de 5 mil metros, é o maior tubo lávico existente em Portugal. Aberto em 2005, o Centro da Gruta das Torres permite uma visita ao interior da gruta, numa extensão de 450 metros, sempre acompanhada de um guia. Pormenor importante: de modo a preservar os seus complexos ecossistemas, a gruta não tem iluminação artificial, sendo fornecida uma lanterna, o que torna a experiência ainda mais inesquecível.
60 – Comer no Ancoradouro
A localização, em frente ao mar, e a vista para o Faial decerto ajudam, mas é a comida que tem feito do restaurante Ancoradouro (www.canceladoporco.com) uma referência na ilha, a exemplo, aliás, do que também acontece com o outro projeto do proprietário, Pedro Saraiva, o turismo rural Cancela do Porco. Quanto à comida, aconselham-se pratos como a cataplana de cherne e lapas, a espetada de peixe ou o polvo dourado.
61 – Entrar no farol da Ponta da Ilha
Situado na freguesia da Manhenha, uma das mais antigas da ilha, em plena paisagem protegida, este farol de 1946 mantém–se ainda hoje em funcionamento e é um dos poucos abertos ao público, abrindo as portas todas as quartasfeiras a quem o quiser visitar.
62 – Beber um licor na Adega Buraca
Inaugurada em 2007 por Leonardo Ávila Silva, a Adega Buraca está instalada numa tradicional casa de basalto, inclui um espaço museológico, loja de artesanato e a adega propriamente dita (adegaaburaca.com), onde é produzido vinho verdelho e de cheiro, para além de mais de 20 aguardentes e licores. Mediante marcação, são também organizados jantares vínicos.
63 – Provar a cozinha de autor do Fonte Cuisine
Integrado no Aldeia da Fonte Resort, assumiu-se como muito mais que um mero restaurante de hotel, como se constata pelo êxito junto da comunidade local. Tal como o hotel onde está inserido, onde a modernidade serve apenas para realçar as melhores tradições locais, o Fonte Cuisine aposta numa Nova Cozinha Açoriana, na qual os produtos locais são confecionados segundo a ideia de cozinha de autor.
64 – Observar um canário-da-terra
A mais conhecida das lagoas do Pico é seguramente, a par da montanha, o local mais visitado da ilha fora da orla costeira. Fica situada a cerca 826 metros de altitude e um dos principais motivos de interesse, para além da paisagem, tem a ver com a possibilidade de aqui serem avistadas e escutadas diversas espécies de aves, como canárioda-terra, melro-preto, tentilhão, estrelinha, toutinegra, lavandeira, galinhola ou narceja-comum, entre outras.
SÃO MIGUEL
65 – Dar uma braçada no tanque termal
Considerado um dos jardins portugueses mais bonitos do mundo, o Parque Terra Nostra (www.parqueterranostra.com/), com mais de 200 anos, é um laboratório vivo. São centenas de árvores endémicas e internacionais, como as sequoias e as gingko biloba, três centenas de espécies de fetos, flores, como, por exemplo, mais de 600 espécies de camélias, azáleas e magnólias. Outro dos ex-libris é o tanque termal, ao ar livre, de água cor cobre, com propriedades terapêuticas: reumatismo, pele, obesidade.
Preços €5 (adultos); €2.50 (crianças); grátis para os hóspedes do hotel e clientes do restaurante têm 20% de desconto
66 – Andar de bicicleta pelas Furnas
O passeio de bicicleta começa com neblina e termina com chuva, mas nem por isso deixa de aproveitar-se a paisagem ao redor da Lagoa das Furnas. A temperatura está amena e são quatro quilómetros neste vale vulcânico. “O tempo muda rápido, mas há sempre muito para fazer”, diz Tiago Botelho, 28 anos, coordenador de atividades outdoor (canyoning, escalada e passeios pedestres desde €30), na Picos de Aventura (www.picosdeaventura.com/pt/). Depois da lagoa, desce-se para a freguesia das Furnas, área de caldeiras e fumarolas, e experimentase “água azeda do Rebentão”.
67 – Confecionar um cozido
Desde março que o acesso ao parque das Caldeiras da Lagoa das Furnas (€0,50), o estacionamento e o usufruto das caldeiras para o cozido das Furnas (€3), aproveitando os vapores geotérmicos, são pagos. Para as crianças até aos 12 anos, é grátis. Este é o emblemático ritual micaelense que tem no cozido um saber gastronómico, pois há uma ordem para pôr os ingredientes, que ficam 12 horas debaixo da terra. Se não quiser cozinhar, pode experimentar este quitute, no Restaurante do Hotel Terra Nostra.
68 – Ver crescer o ananás
A cinco minutos de Ponta Delgada, na cooperativa ProFrutos, 21 estufas acolhem centenas de ananáses produzidos de forma biológica, numa maturação que dura dois anos. Plantar ananás é uma arte, onde a defumação é essencial para o processo de amadurecimento.
69 – Provar chá
À entrada da Fábrica de Chá Gorreana, a mais antiga da ilha, vê-se uma plantação de chá (Camellia Sinensis) que se estende por 32 hectares, com produção de 33 toneladas/ano. Lá dentro, degustam-se os vários tipos: chá preto (Orange Pekoe, Broken Leaf e Pekoe) e verde (Hysson).
70 – Apreciar arte
Inaugurado em 2005, o Centro Cultural da Caloura expõe ao público tesouros artísticos da arte portuguesa. Júlio Resende, Paula Rêgo, Júlio Pomar, Silva Porto e Vieira da Silva são alguns dos nomes do acervo particular desta galeria fundada e gerida pelo pintor e escritor micaelense Tomás Borba Vieira.
71 – Explorar arte urbana
Por toda a ilha há indícios de arte urbana com dezenas de instalações, stencil, graffiti. Criado em 2011, o projeto Walk&Talk, que acontece em julho, tem vindo a consagrar-se como um festival artístico por excelência pelo qual já passaram nomes como Mais Menos, Alexandre Farto (Vhils) e Hazul.
72 – Comprar no Mercado da Graça
O Mercado Municipal de São Miguel, no centro de Ponta Delgada, é uma espécie de síntese dos paladares e aromas açorianos. Pode comprar-se massa sovada, bolos lêvedos a mel; experimentar dezenas de variedades de queijo, ananás, bananas, carne e peixes.
73 – Aprender a mergulhar
Para quem sempre quis aprender a mergulhar, esta pode ser a oportunidade numa zona privilegiada e em águas de temperatura agradável. A Azores Sub (www.azoressub.com/) instrui nos dois maiores sistemas de formação a nível mundial. A partir de 250 euros.
74 – Assistir ao Red Bull Cliff Diving
No final de julho, dezenas de barcos atracam no ilhéu de Vila Franca, também conhecido como Anel da Princesa, para assistir ao Red Bull Cliff Diving, que traz a São Miguel figuras internacionais do salto para a água.
75 – Beber um Kima ou uma Especial
Pedir uma Kima é condição açoriana, asseguram os entendidos: este sumo de maracujá é característico das ilhas, feito pela empresa Melo Abreu, conhecida ainda pela cerveja Especial. Outra prova obrigatória é o afamado Bife Alcides.
76 – Descer até à Lagoa do Fogo
Olhada do alto, a Lagoa do Fogo, a segunda maior de São Miguel, impressiona pelo seu aspeto selvagem. Descer as escadas em terra batida até esta reserva natural, considerada zona especial de conservação, é uma viagem de pouco mais de meia hora. Tiago Botelho, da Picos de Aventura (www.picosdeaventura.com/ pt/), que organiza passeios na área (€55), não esconde a sua “preferência” pelo lugar. O vulcão do Fogo forma o grande maciço vulcânico da Serra de Água de Pau cujo vale parece que abraça o viajante à medida que este vai descendo, rodeado de densa e exuberante vegetação endémica.
77 – Aventurar-se no mar
São 15 minutos de introdução, antes de se navegar. As biólogas marinhas (www.futurismo.pt/) instruem primeiro sobre as condições de segurança e, depois, sobre o que poderemos ver nas próximas três horas: tartarugas, cachalotes, golfinhos, baleias, cagarros. O mar está agitado e o catamarã sulca as pequenas ondas. Meia hora depois já se vê uma tartaruga. Pelo menos mais três estariam na rota do barco, mas só ao fim de uma hora e meia é que um grupo de golfinhos veio exibir-se e nadou, tranquilamente, ao redor do barco. Há até atividades durante a manhã, para quem quiser nadar com estes mamíferos. Preços a partir dos €50
78 – Festejar o Senhor Santo Cristo dos Milagres
No quinto domingo depois da Páscoa, os micaelenses cumprem uma antiga devoção religiosa: as festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres. As celebrações começam com uma procissão e terminam na quinta-feira da Ascensão. O Santo Cristo é uma imagem entalhada em madeira com a forma de relicário, em estilo renascentista, que representa um episódio do martírio de Jesus Cristo, de punhos atados, torso despido, coroa de espinhos e ombros cobertos de um manto púrpura. Esta imagem é adorada no Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada.
79 – Galgar Ponta Delgada
É a principal cidade do arquipélago dos Açores, com casas e edifícios caiados e várias igrejas e conventos dos séculos XVII e XVIII. No centro de Ponta Delgada repara-se nas portas da cidade, nas ruas calcetadas e pequenas pracetas. São pontos de interesse: a Igreja do Colégio dos Jesuítas, a Praça 5 de Outubro, a Igreja de São Sebastião, a Travessa do Arco, a Rua dos Mercadores (com tasquinhas tradicionais) e a Avenida Infante D. Henrique, na orla marítima. Vale ainda a pena seguir o mais recente roteiro sobre obras do pintor Domingos Rebelo (século XIX), espalhado em placards informativos, como, por exemplo, no Largo São João, em frente ao Teatro Micaelense.
80 – Massagem nas Termas da Ferraria
Quando a maré baixa, por volta do meio-dia, as águas das Termas da Ferraria, piscina natural e mar (www.termasdaferraria.com), ficam quentes e propícias para o banho. É assim durante mais ou menos duas horas. Integrado no Monumento Natural Regional do Pico das Camarinhas e Ponta da Ferraria, este é um sítio de culto, lazer, saúde e beleza, pois aproveita as propriedades terapêuticas das águas. No piso inferior, Délia Cordeiro é a anfitriã e Rui Furtado, o terapeuta de serviço (massagens de pedras quentes e relaxamento entre €40 a €80). No piso superior, há um restaurante que confecciona os paladares da terra, desde peixe a alcatra.
81 – Explorar a Lagoa das Sete Cidades
O maior reservatório de água doce do arquipélago permite diversas atividades ligadas à natureza
Caminhar
A panorâmica mais completa da Lagoa das Sete Cidades é primeiro do alto, de um dos cinco miradouros (Vista do Rei, Lomba do Vasco, Santa Bárbara, Pico da Cruz, Grota do Inferno). Desliza-se o olhar para os cerca de quatro quilómetros quadrados daquele que é o maior reservatório de água doce açoriano, onde se unem as lagoas azul e verde, ligadas por um canal, cujas cores são influência cromática do céu e da vegetação. Já lá em baixo, é a natureza e a serenidade desta vila com pouco mais de mil habitantes que se impõem. Caminhando ao redor da lagoa, há 24 quilómetros por explorar e, em dias de sol, um piquenique vem mesmo a calhar.
Pagaiar
Não é preciso ser-se profissional de canoagem para andar de canoa na caldeira desta lagoa com o máximo de 33 metros de profundidade, pois as canoas de caixa de fibra de ar garantem maior estabilidade. É só pagaiar, com as pagaias (tipo de remo com pá nas duas extremidades), de preferência ao início, contra a corrente, para depois voltar, embalados pelo fluxo da água. A empresa Futurismo (www.futurismo.pt/) promove esta atividade (€30) e garante que é diversão para todas as idades.
‘Remar’ em pé
Ficar de pé na água é uma experiência que não se esquece. O Stand Up Paddle tem destas coisas: imagine-se em cima de uma plataforma no coração da Lagoa das Sete Cidades, remando na direção que pretende. É uma espécie de sensação irreal, quase onírica, como se se caminhasse sobre a água, que neste caso é uma das sete maravilhas naturais de Portugal. A Futurismo (www.futurismo.pt/) dispõe de três paddles para a prática (€15).
Avistar o priolo
Considerada Paisagem Protegida da Rede Natura 2000, a lagoa é habitat privilegiado de várias espécies de aves. Há as migradoras, como a negrinha, o zarro-bastardo, o galeirã
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