TERCEIRA: DESCUBRA A ILHA SEMPRE EM FESTA
Há festas quase todo o ano e o pretexto tanto pode ser religioso como pagão. Os traços festivos têm origem em Portugal Continental, com os povoadores das Beiras, Alentejo e Algarve, mas tiveram igualmente forte influência das caravelas que traziam costumes, especiarias e plantas de outros continentes.
As festas são uma boa oportunidade para vivenciar essa fusão de culturas como, por exemplo, na gastronomia. É obrigatório comer alcatra.
créditos: Who Trips
A carne de vaca é apurada durante horas num tacho de barro e depois servida com bastante molho, habitualmente em doses enormes. Recomenda-se ainda provar o vinho verdelho dos Biscoitos e uma Dona Amélia, bolo que encontramos em quase toda a ilha e com muita facilidade nos cafés de Angra do Heroísmo.
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Nas festas encontra com frequência os coscorões, o tradicional arroz doce e muita carne de vaca. Mesmo muita. Um exemplo: para os casamentos, são convidadas centenas de familiares e amigos de quase toda a ilha e abunda a carne no bodo. Se tiver oportunidade, prove também tremoços salgados em sacas imersas no mar. Um sabor muito diferente daquele a que estamos habituados.
AS SOPAS DO ESPÍRITO SANTO
A comida é também farta nas festas do Espírito Santo. São vários bodos, aos domingos, após a Páscoa, até ao dia de Pentecostes.
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É uma festa marcante da cultura açoriana e, em particular, na Terceira. Está de tal forma enraizada, que mesmo em pequenas localidades juntam-se centenas de pessoas. Caso apareça é bem-vindo, há o hábito de convidar forasteiros. É interessante porque num único salão conhecemos pessoas dos mais diversos grupos sociais e idades que assumem com orgulho a tradição e, vestidos a rigor, cumprem pacientemente todos os rituais.
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Os açorianos são muito hospitaleiros e a Terceira não é exceção. Na verdade, só temos dois tipos de dificuldade: conseguir provar tudo o que nos oferecem e, por vezes, entender uma ou outra expressão por parte de quem tem um sotaque mais cerrado.
As festas são também um sinal de fraternidade com a oferta das Sopas do Espírito Santo – uma sopa com caldo de carne e servida com pão – aos mais pobres.
UMA COLEÇÃO DE IMPÉRIOS
No sexto e sétimo domingo após a Páscoa as festas realizam-se em frente dos impérios. Este é o edifício da irmandade.
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Tem a forma de uma capela muito pequena e um único piso. Os impérios são uma expressão de arquitetura popular típica dos Açores, havendo freguesias com mais do que um. Na ilha Terceira há cerca de 70 – só no concelho de Angra do Heroísmo existem 45 impérios construídos entre 1670 e 1998.
Em cada viagem fazemos uma ronda pelos mais bonitos e verificamos um crescente interesse dos turistas por este tipo de arquitetura popular. A maioria tem cores exuberantes, como, por exemplo, o Império do Porto Judeu, um dos mais coloridos.
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Outros têm desenhos associados à irmandade ou às atividades económicas locais, como é o caso do Império de São Sebastião.
CARNAVAL SEM IGUAL
Outra festa que marca a Ilha Terceira é o Carnaval. Não há outro igual, porque resulta de uma fusão de culturas europeias, africanas e orientais. Por outro lado, segundo um estudioso local, é o maior festival de teatro popular do mundo. Participam habitualmente mais de 600 pessoas.créditos: Who Trips
Outra festa que marca a Ilha Terceira é o Carnaval. Não há outro igual, porque resulta de uma fusão de culturas europeias, africanas e orientais. Por outro lado, segundo um estudioso local, é o maior festival de teatro popular do mundo. Participam habitualmente mais de 600 pessoas.créditos: Who Trips
Os grupos percorrem as coletividades, fazem uma atuação numa e seguem para outra. Madrugada adentro. O formato é uma representação com danças e “bailinhos”. Dezenas de grupos amadores criam um enredo, a maior parte comédias ou textos satíricos. Os trajes são sempre a condizer com o assunto. Fora da época do Carnaval, podemos descobrir esta tradição da Terceira no Museu do Carnaval na Vila das Lajes.
As Sanjoaninas, em junho, têm também uma grande participação popular com muita animação de rua, danças, marchas populares e touradas.
TOURADAS COM CORDA
Para quem gosta de touradas com corda tem o próximo trimestre repleto de eventos na Ilha Terceira. Em agosto, setembro e outubro, quase todos os dias há uma tourada, uma “bezerrada” ou uma “vacada”. Até de noite. É uma das mais antigas e participadas tradições populares, cujo ponto alto é quando o touro enfia uma “marrada” num aventureiro.
A festa é realizada na rua. O touro bravo tem uma corda ao pescoço, manipulada por meia dúzia de homens que refreiam os ímpetos do animal e o encaminham pelas ruas. Contou-nos uma mulher que o marido vive com ansiedade os dias que antecipam estes eventos. Quando começa a época – em meados de julho - ele e alguns amigos percorrem quase toda a ilha para assistir às diferentes touradas.
A Terceira é famosa pelas suas ganadarias e, como em quase todas as ilhas açorianas, os bovinos fazem parte da paisagem e são uma importante fonte de rendimento. Um dos lugares onde essa perceção é mais notória, aliada ao fantástico enquadramento natural, é no topo da Serra do Cume.
NO CUME DA MANTA DE RETALHOS
É uma das paisagens mais belas dos Açores e, indiscutivelmente, da Ilha Terceira.
É uma das paisagens mais belas dos Açores e, indiscutivelmente, da Ilha Terceira.
créditos: Who Trips
A vista do alto da Serra do Cume é uma surpresa para muitos visitantes devido ao horizonte todo verde, recortado por muros negros de pedra vulcânica ou de hortênsias. São milhares de parcelas de terreno, todas cobertas de verde, que preenchem o Vale da Achada, também conhecido como a “manta de retalhos”.
Vemos dezenas de tonalidades do verde da natureza e várias montanhas correspondentes a diversos vulcões: Cinco Picos, Pico Alto, Guilherme Moniz, Santa Bárbara e os Ilhéus das Cabras, este último um vulcão submarino.
A altura e a distância transformam em miniaturas as casas agrícolas e centenas de vacas que se concentram em pastos recortados pelos muros de pedra. A altitude ultrapassa os 500 metros.
No outro lado da serra há mais um miradouro e a vista é para o oceano e para a Praia da Vitória. Alcança o que se designa de Ramo Grande, uma das áreas mais férteis da Terceira, marcadamente rural, cujas casas têm uma arquitetura muito própria e reveladora de famílias proprietárias com alguns recursos. São as chamadas casas do Ramo Grande, com muitas lajes e de maiores dimensões.
É nesta parte da ilha que se situa a Base Aérea das Lajes. Conseguimos ver a pista e também o porto de Praia da Vitória, que tem também um miradouro que vale a pena visitar.
MIRADOURO DO FACHO
Oferece-nos uma vista panorâmica de uma cidade típica dos Açores. O branco das casas alterna com a cantaria e as ruas de pedras de basalto.
Oferece-nos uma vista panorâmica de uma cidade típica dos Açores. O branco das casas alterna com a cantaria e as ruas de pedras de basalto.
créditos: Who Trips
Os sinos e os campanários destacam-se. E um deles é o da deslumbrante igreja da Misericórdia, que fica em frente do “Casa das Tias” e do busto de Vitorino Nemésio.
SE BEM ME LEMBRO DE VITORINO NEMÉSIO
O autor de Mau Tempo no Canal e que também se popularizou com o programa Se bem me lembro, transmitido na RTP durante cinco anos, nasceu na Praia da Vitória.
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Vitorino Nemésio é um dos maiores vultos da literatura portuguesa do século XX e deu a conhecer de forma apaixonada muitos dos traços culturais dos açorianos.
Na sua terra natal, na Cidade Praia da Vitória, há várias evocações e a principal é a Casa Museu Vitorino Nemésio. Um edifício do século XVII e que era a casa da parteira onde Vitorino Nemésio nasceu em Dezembro de 1901. Vale a pena a visita, até para descobrirmos igualmente o mobiliário e os instrumentos de uma família insular.
PASSEIO DOS POETAS NA PRAIA DA VITÓRIA
Nas ruas da Praia da Vitória, fique atento ao Passeio dos Poetas.
Um roteiro com 33 painéis de azulejos com excertos de poemas em várias ruas da cidade. Cada painel tem um retrato e o nome do respetivo poeta.
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Onde se encontram em maior número é junto à muralha defensiva da baía da Praia da Vitória. A poetisa Natália Correia - nascida na ilha de S. Miguel - faz também parte do Passeio dos Poetas.
ANGRA DO HEROÍSMO E DA UNESCO
Em Angra do Heroísmo também é vulgar encontrar algumas referências a Vitorino Nemésio. Onde imprimiu os livros, o primeiro editor, lugares que frequentava...
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Angra é uma cidade com ambiente próprio, ditado pela sua história. Mais fechada, mais eclética, mais erudita. Visita-se facilmente a pé e é muito agradável passear pela zona histórica, que está classificada como Património Mundial pela UNESCO.
A classificação não foi apenas pelo património edificado. Foi também pela sua história, pelos três séculos de expansão europeia que tiveram aqui um porto para as caravelas que regressavam do Oriente e da América.
A área classificada é de 6km quadrados, dividida em duas partes. O centro histórico com duas dezenas de edifícios e monumentos e o antigo vulcão, o Monte Brasil. Podemos subir até ao cume do monte, ao Pico das Cruzinhas, onde está um monumento comemorativo do V Centenário do descobrimento dos Açores. Daqui usufruímos duma magnífica vista da cidade e de parte da ilha.
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Em dias claros ainda se consegue ver as ilhas de S. Jorge e do Pico. Junto ao miradouro estão as baterias antiaéreas britânicas que foram usadas na II Guerra Mundial.
Devido à sua posição estratégica o Monte Brasil sempre teve um papel militar muito importante. No monte está a fortaleza de S. João Baptista ou de S. Filipe. É considerada a maior fortaleza feita por espanhóis em todo o Mundo.
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O forte também pode ser visitado apesar das instalações estarem ocupadas pelo Regimento de Guarnição nº1. Pode-se visitar a igreja da fortaleza, a praça de armas e toda a zona envolvente marcada por cinco enormes baluartes.
O centro histórico é mais fácil de visitar. A cidade tem planta retilínea, de influência renascentista, e muito do património edificado está próximo da bonita igreja da Misericórdia.
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Foi o primeiro hospital nos Açores. Fica mesmo em frente ao Atlântico e da estátua de Vasco da Gama.
A Sé Catedral não está longe. Nas ruas empedradas e com as fachadas de basalto coloridas de flores sobressaem as varandas. A maior parte são de ferro forjado, têm desenhos tradicionais e replicam com fidelidade as que estavam nas fachadas dos prédios antes do tremor de terra de 1 de Janeiro de 1980 que destruiu uma parte importante do património edificado.
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A visita a Angra tem ainda de passar pela Memória. É um obelisco do século XIX que assinala a passagem pela ilha Terceira de D. Pedro IV e os valores liberais. A Memória fica no alto de um monte que nos oferece uma vista de conjunto da cidade, do Monte Brasil e da sua fortaleza.
DENTRO DO VULCÃO
A visita à Terceira não pode terminar sem a experiência de entrar num vulcão. É surpreendente a beleza natural. O verde das plantas, a luz, as rochas, a lava e pequenos pingos de água dão um ambiente inesquecível ao Algar do Carvão.
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Descemos cerca de 330 degraus e atingimos uma profundidade próxima de uma centena de metros. Ao longo do caminho no interior do vulcão há profundas diferenças. Logo no início, a primeira impressão é de surpresa. Atravessamos um pequeno túnel de acesso e vamos dar à chaminé do vulcão. A única parte por onde entra luz natural e, por isso, as paredes da cratera estão repletas de vegetação luxuriante dominada por fetos. Conforme vamos descendo, a vegetação torna-se mais escassa, passamos para algas e musgos e começamos a ter a sensação da profundidade. Com frequência, ouvimos exclamações de espanto dos visitantes.
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Pouco depois, deparamos com duas cúpulas de pedra de grande dimensão. Em algumas há estalactites e estalagmites. Mesmo no fundo está uma lagoa formada com água da chuva e que no Inverno chega a ter 15 metros de altura. A tonalidade azul confere um ambiente sereno, ainda há alguma luz natural mas é escassa.
O Algar do Carvão está na zona central da Ilha Terceira e rodeado de serras, picos e vegetação densa. O acesso ao Algar é feito por uma estrutura que foi adaptada como centro de acolhimento. As visitas são na parte da tarde e aconselhamos a ida logo na abertura porque é frequente surgirem grupos grandes de visitantes.
É também indicado calçado adequado para escadaria de pedra e piso húmido. A temperatura no interior do vulcão ronda os 12 graus.
Para os amantes da Natureza há ainda um outro programa inesquecível: a observação de baleias e golfinhos. Há vários programas e, para quem tem pouco tempo, há cruzeiros de duas a três horas.
Há também a possibilidade de retornar. A ilha está em festa todo o ano, com uma natureza esplendorosa e pode regressar em qualquer altura do ano; é só aproveitar os voos para a Terceira da TAP.
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