Jogo de combate com veículos que está a ser desenvolvido pelo estúdio Redcatpig venceu a quarta edição dos prémios PlayStation Talents e leva para casa um cheque de 10 mil euros.
É açoriano, mas tem sotaque brasileiro. A combinação improvável de elementos explica-se pelo facto de os pais terem emigrado para o Rio de Janeiro, no Brasil, quando tinha apenas um ano e de lá ter vivido durante 15 antes de voltar à ilha Terceira. “O sotaque ficou, não sai”, diz, a sorrir.
A felicidade estampada no rosto não é para menos: aos 40 anos, Marco Bettencourt está a viver o sonho de uma vida. O projeto do seu estúdio de videojogos venceu, esta quinta-feira, a quarta edição dos prémios PlayStation Talents em Portugal.
Traduzindo por miúdos, é o melhor videojogo que está a ser criado em Portugal e o próximo a entrar na grande máquina de marketing que é a da Sony Interactive Entertainment. Quando estiver pronto, o jogo KEO vai estar ao alcance de mais de 90 milhões de jogadores em todo o mundo.
“É um jogo de combate numa arena com veículos. Os veículos são personalizáveis, tens diversas arenas, cada arena tem um tipo de jogo diferente, desde o modo de sobrevivência, à cooperação com outro jogador e até mesmo corrida. Vamos escolher a base de um veículo e depois vamos selecionar os extras a nível de armas e tudo mais”, conta-nos.
Enquanto falava à Insider, a perna não parava de tremer – não por estar nervoso, mas porque os outros dois elementos do Redcatpig Studios, com quem ainda não tinha falado, já tinham visto nas redes sociais que o jogo ganhara o tão ambicionado prémio e queriam saber mais.
“Só tenho pena que os meus dois colegas não possam estar aqui, mas sei que eles estão doidos, porque estou a sentir o telefone a tremer, a tremer, a tremer”.
A vitória nos prémios PlayStation – o cheque de 10 mil euros para o desenvolvimento do jogo, mais 50 mil euros em marketing – vem numa altura importante, confidencia o açoriano. “Temos passado por uma fase um bocado complicada, sem dúvida, mas acho que isto é o culminar de todos os sacrifícios que foram feitos. Trabalhamos muito, é verdade, mas o reconhecimento está aqui e vai ajudar sem dúvida a abrir portas que são necessárias para nós, para toda a equipa”.
Uma das maiores dificuldades está, como há muito se fala nos círculos dos videojogos em Portugal, na falta de investimento. “Há pouco dinheiro a entrar na indústria, por isso é natural que não haja muito a sair”.
E estar nos Açores, é um problema? “Lá não há eventos com grande expressão onde podemos testar os nossos produtos. Sempre que há algum evento no qual temos que comparecer, envolve sempre deslocação, estadia, alimentação, logo são custos acrescidos que os estúdios continentais não têm. Tirando essa dificuldade, até posso dizer que existem algumas vantagens. Primeiro pela qualidade de vida que nós temos nos Açores, que é fantástica, e pelo facto de o Governo Regional Açoriano estar de olhos abertos em relação ao apoio que tem que dar às novas indústrias”.
Marco Bettencourt considera que em Portugal há muito talento nesta área, ideia partilhada também por Liliana Laporte, diretora-geral da PlayStation Portugal.
“O talento português não fica a dever ao que se faz lá fora. Por isso muitas vezes pensamos, ‘ai não, o que é bom são os estúdios na Califórnia, de Londres ou do Japão’. O que nós estamos a ver é que o talento português é tão bom ou melhor do que muitas coisas que se fazem noutros países”.
Este passa a ser o quarto jogo made in Portugal que é apoiado diretamente pela PlayStation: KEO (2018) junta-se a Strikers Edge (2015), VRock (2016) e Out of Line (2017), os vencedores das edições passadas da iniciativa.
Além do prémio PlayStation, o Redcatpig Studios recebeu recentemente investimento de outras entidades – cujos nomes não foram revelados -, pelo que o desenvolvimento do jogo vai agora avançar de forma mais célere.
“O que eu posso dizer é que vamos trabalhar a fundo, sem dúvida nenhuma, para que no espaço de um ano ou até menos o KEO esteja disponível em todas as consolas”.
Fonte: Dn_Insider
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