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Osama Rashid, de refugiado a estrela do Santa Clara, a equipa sensação em Portugal


O Santa Clara tem sido a grande revelação da Liga portuguesa na época em curso, ao ocupar o sexto lugar na classificação, após oito jornadas, a apenas quatro pontos do líder FC Porto. Indissociável da excelente prestação dos açorianos têm sido as grandes exibições protagonizadas pelo médio iraquiano Osama Rashid, um número 8 com excelente chegada à área e que já apontou três golos e fez quatro assistências nas partidas do campeonato.
A cumprir a terceira temporada no Santa Clara, o futebolista de 26 anos destacou-se ao marcar um golo de canto direto na partida com o Nacional, que lhe valeu mesmo o prémio de melhor golo do mês de setembro, entregue pela Liga. “Treino bastante as bolas paradas, tanto a cruzar como de forma direta. Foi com essa intenção que bati para a baliza. E contei com o efeito do vento, pois se não estivesse vento, seria impossível ter marcado este golo”, afirmou.
Esta partida foi mesmo muito especial para Rashid: para além do golo na concludente vitória por 3-0 no reduto do Nacional, estreou-se como capitão de equipa, aproveitando a ausência dos habituais donos da braçadeira, Pacheco e Accioly. “Foi um grande orgulho representar o clube e a região. É uma responsabilidade acrescida, mas que eu gosto”, referiu.

Chegou em 2015 para o Farense

Osama Rashid chegou a Portugal no verão de 2015, tendo representado nessa temporada o Sporting Farense, na II Liga, e com excelente rendimento (43 jogos oficiais e sete golos). Na temporada seguinte, mudou-se para os búlgaros do Loko Plovdiv, também do segundo escalão, mas não foi nada feliz e só se aguentou até janeiro, depois de ter disputado somente cinco partidas. Regressou então a Portugal, pela porta do Santa Clara e logo se assumiu como figura preponderante dos açorianos, conseguindo realizar 17 jogos (três golos apontados) até ao final dessa época.
Na temporada transata foi uma das grandes figuras do Santa Clara, que conseguiu o regresso ao escalão principal 16 anos depois da última participação. Realizou 31 jogos e marcou dez golos.

Fugiu da guerra no Iraque

Osama não teve um início de vida na fácil. “Tinha 3 anos quando a guerra se instalou no Iraque e deixou de ser seguro para a minha família. Viajei para a Holanda com a minha mãe e com os meus irmãos e o meu pai ficou no Iraque porque ele tinha de lutar, todos os homens eram obrigados a participar na guerra, mesmo o meu irmão de 12 anos, que só viajou mais tarde para a Holanda. O meu avô tinha alguns conhecimentos no país, e era a nossa melhor opção para obter o estatuto de refugiado”, contou, em entrevista ao site “Fairplay”.
A bola era a melhor amiga do pequeno Osama, que nunca se cansava de jogar nas ruas de Roterdão. Os pais percebiam que ele tinha jeito para o futebol e quando tinha 7 anos, levaram-no a um treino de captação no Feyenoord, tendo sido aceite. Fez toda a formação no clube holandês, com o qual assinou o seu primeiro contrato de profissional, aos 16 anos.

A lesão que tudo mudou

Por esta altura era indiscutível nas jovens seleções holandesas, mas tudo mudou durante o Campeonato da Europa Sub-17 em 2009. “Sofri uma lesão grave na virilha. Joguei toda a competição sob o efeito de analgésicos para lutar contra as dores que sentia, e isso só veio agravar a situação. O meu contrato no Feyenoord estava a terminar, e era suposto colocarem-me noutra equipa por empréstimo, mas no último momento, decidiram não renovar, por causa da minha lesão. Tive de encontrar outro clube, e acabei por assinar pelo Den Bosch, só que demorei muito tempo a recuperar. Jogava sempre com dores, e demorou cerca de três anos até conseguir sentir-me a 100%”, contou.

Dedicou-se aos estudos até vir para Portugal

Nos três anos em que a sua carreira estagnou, Osama Rashid decidiu dedicar-se aos estudos e tirou um Mestrado em Marketing e Gestão Desportiva. Entretanto, depois de representar os modestos Excelsior Maassluis e Alphense Boys, surgiu a hipótese de vir para Portugal e não rejeitou o convite do Sp. Farense. Hoje em dia, Osama é titular indiscutível da seleção iraquiana, tendo optado pela seleção asiática aos 19 anos, numa altura em que já não era opção regular nas equipas jovens holandesas.

Feliz em Portugal

O futebolista do Santa Clara confessa que se sente muito feliz em Portugal. “Adoro Portugal, é um país incrível. Pessoas muito boas e acolhedoras, e desde o primeiro dia em Faro, senti-me em casa neste país. Gosto de tudo. O meu português é bastante bom, percebo quase tudo, e consigo fazer-me entender. O que mais gosto na cultura portuguesa é a mentalidade relaxada. Não existe pressão. Por exemplo, em Faro, vês pessoas durante a noite nos cafés, descontraídas, até tarde. Na Holanda todos ficam em casa, e só saem para trabalhar. Aqui não vivem para trabalhar”, referiu, em entrevista ao site “Fair Play”.


O Sporting que se cuide

O Santa Clara recebe o Sporting este domingo e possivelmente nem o mais otimista adepto do clube açoriano sonhava ser possível ultrapassar o Sporting na classificação, em caso de vitória. No entanto, é mesmo esse o cenário, com a formação treinada por João Henriques a ocupar a sexta posição na tabela, a dois pontos dos leões e a apenas quatro pontos do líder FC Porto.
Aliás, decorridas oito jornadas, o Santa Clara até tem mais golos marcados do que o Sporting – 16 contra 14 e só o FC Porto, com 18 e o Sporting de Braga, com 17, faturaram mais – embora tenha sofrido 12 golos, contra 8 dos verdes e brancos.
Osama Rashid será certamente um dos jogadores que merecerão mais atenção por parte dos jogadores do Sporting. E se o iraquiano tiver tempo e espaço para pensar, a defesa leonina que se cuide.

Fonte: Paraeles.pt

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