terça-feira, 4 de setembro de 2018

Antiga escola americana transformada em polo de empresas de informática



Junto à base das Lajes, na ilha Terceira, em instalações abandonadas pela Força Aérea norte-americana, prepara-se para nascer um polo de empresas de informática, com capacidade para criar 1.000 postos de trabalho.

As obras de requalificação da escola onde estudavam filhos de militares americanos ainda não arrancaram, mas, segundo o Governo Regional dos Açores, o projeto Terceira Tech Island já atraiu seis empresas.

“Para já temos seis empresas na Terceira e outras 10 a caminho”, adiantou, em declarações à agência Lusa, o vice-presidente do Governo Regional, à margem de uma visita ao edifício onde se irão instalar as empresas no futuro.

Em janeiro de 2015, a administração norte-americana anunciou uma redução de cerca de 500 militares na base das Lajes e o despedimento de cerca de 400 trabalhadores portugueses.

A redução do efetivo levou a que vários edifícios deixassem de ter uso, como a escola, que recebia alunos do pré-escolar à universidade, e dois bairros com cerca de 450 casas, junto à base, que neste momento são propriedade do Governo Regional dos Açores.

O executivo açoriano quer substituir os postos de trabalho extinguidos pelos norte-americanos por empregos na área da programação e das novas tecnologias.

O projeto Terceira Tech Island prevê o apoio à formação de recursos humanos na área e a cedência de sedes e habitações às empresas, que se queiram instalar na Praia da Vitória.

Na antiga escola, fechada desde 2015, ainda são visíveis as mãos dos últimos alunos norte-americanos pintadas nas paredes, na despedida da ilha.

Entrar no edifício, em certas partes degradado, ainda transmite a sensação de transporte para uma qualquer escola dos Estados Unidos.

As salas de aula serão agora transformadas em escritórios. O espaço terá ainda uma sala de convívio, uma sala de formação, uma sala de exposições e conferências, uma cantina e um ginásio, que transita da antiga escola.

Segundo o executivo açoriano, o edifício com 5.200 metros quadrados terá capacidade inicialmente para acolher 300 postos de trabalho, podendo mais tarde receber até 1.000 funcionários.

Junto ao edifício, nos bairros Nascer do Sol e Pôr do Sol, existem 450 casas disponíveis para acolher os programadores seniores das empresas, com a condição de que integrem nos quadros programadores juniores locais.

A requalificação da escola e das casas, orçada em cerca de três milhões de euros, está em fase de concurso e deverá estar concluída no final de 2019.

Até lá é a partir da sede da incubadora de empresas Praia Links, no centro da Praia da Vitória, que estão instaladas três das seis empresas que se fixaram no último ano na ilha Terceira. As restantes estão em edifícios cedidos pelo município.

Para Luís Sousa, da ACIN - iCloud Solutions, instalada na Praia Links, com cinco funcionários, as infraestruturas não foram o principal incentivo à fixação nos Açores.

“As instalações, no meio disto tudo, são o menos importante. O mais importante é existirem recursos”, frisou.

O projeto Terceira Tech Island já formou 40 pessoas em programação e até ao final de 2019 estima atingir as duas centenas.

Para Luís Sousa, a ACIN não necessita de estar rodeada de grandes edifícios, numa cidade grande, para desenvolver o seu trabalho, até porque a empresa mãe está sediada há 20 anos na Madeira.

“Neste tipo de negócio, o lugar onde nós estamos não interessa. Desde que tenha uma boa ligação à internet, uma boa infraestrutura, é tudo o que precisamos para os processos crescerem”, apontou.

A localização dos Açores é encarada mesmo como uma mais-valia pelo empresário.

“Estamos a quatro horas e meia de Boston. Se eu quiser ir ao MIT [Massachusetts Institute of Technology], meto-me no avião e cinco horas depois estou no MIT. Se calhar demoro mais tempo a chegar à Universidade da Beira Interior. Havendo recursos humanos, o projeto é um sucesso”, sublinhou.

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