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Emigrante açoriano investe 50 milhões em biotecnologia no Porto



O Primeiro-ministro, António Costa visitou nos últimos dias a Cisco e a Google, na Califórnia, onde se encontra de visita, mas antes esteve na Amyris, uma empresa de um açoriano, que já garantiu 50 milhões de euros de investimento para investigação em biotecnologia, numa parceria com a Universidade Católica.

De facto, a Amyris, que actua na área das ciências da vida, anunciou um investimento de 50 milhões de euros numa parceria com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto e a AICEP, agência de promoção do comércio externo.

O projecto tem, nas palavras da empresa, duplo objectivo: explorar formas de usar desperdício resultante da fermentação para novos produtos e aplicações e desenvolver a plataforma de inteligência artificial.

A Amyris pertence a um emigrante natural da ilha do Pico, John Melo, que vive nos Estados Unidos desde 1973.

Apesar de ter feito o percurso educativo e técnico no continente americano, John Melo diz que mantém uma parte do coração em Portugal.

Desde 2012 que está ligado ao Conselho da Diáspora Portuguesa, um órgão consultivo da Presidência da República, que congrega várias personalidades da diáspora.

“A diáspora ajudou-me a contactar com uma universidade portuguesa e a compreender melhor o tipo de investigação que a universidade poderia fazer”, explica John Melo numa entrevista que concedeu há dois anos ao Observador, que na altura o nosso jornal transcreveu.

O famoso emigrante açoriano na Califórnia descobriu “que a Universidade Católica tinha alguns dos melhores investigadores em ciências da vida da Europa e que nos daria a oportunidade de aumentar o nível de investigação realizada. Assim, focávamos o centro de investigação em Portugal, mas que poderia estar disponível a toda a Europa, para ajudar as empresas europeias a ter acesso a mais produtos renováveis”.

John Melo sempre quis contratar cientistas portugueses em Portugal e encontrou nos contactos através da Diáspora as pessoas certas.

“Tínhamos com a Diásporaum objectivo para 2016: criar um centro de biotecnologia. A ideia de que o faríamos com a Católica veio depois do objectivo inicial. Depois de conhecer as capacidades da Católica, apercebemo-nos que era a melhor universidade para criar este hub em Portugal. Fazê-lo em Portugal, no Porto, e torná-lo um centro europeu para a bioenergia e bioprodutos”, refere o emigrante picoense.

John Melo explica que “a nossa companhia tem trabalhado – e é uma das líderes no mundo – em biologia sintética (a capacidade de modificar ADN). Na verdade, programamos o ADN de micro-organismos da mesma maneira que programamos o software para um computador. Usamos como matéria-prima, para esses micro-organismos, o xarope extraído da cana-de-açúcar, que o convertem em produtos como cosméticos, aromas, aromatizantes, combustível para aviões, polímeros para pneus – são muitos produtos diferentes que usamos em todo o mundo”.

E acrescenta: “A razão por que esta tecnologia é tão importante é porque cria todos estes produtos a partir de uma fonte sustentável – produtos sustentáveis que têm um melhor desempenho. Mas, ao criar os nossos produtos, geramos uma quantidade de subprodutos que têm oportunidade de ser valorizados e que requerem investigação adicional. É por isso que tenho andado à procura uma parceria com uma universidade, com a qual pudéssemos criar um instituto que se focasse em valorizar os subprodutos, de maneira a que gerássemos novos negócios a partir desses produtos”.



TAP vai ligar Lisboa à Califórnia



O Primeiro-ministro anunciou ontem, em São Francisco, que a TAP vai ter uma ligação aérea directa entre Lisboa e a Califórnia a partir do próximo ano.

António Costa falava para uma plateia de investidores naquela cidade da costa oeste dos EUA, tentando seduzir investimento para as empresas portuguesas.

“Também há bom tempo, uma ponte igual à Golden Gate, eléctricos e óptimos sítios para surfar”, disse António Costa na sede do Sillicon Valley Bank, tentando sublinhar as semelhanças entre Lisboa e a Califórnia.

O primeiro-ministro falava na instituição que junta investidores de capital de risco para uma plateia que, somada, valia muitos milhões.

Num discurso em que tentou seduzir o investimento em startups e não só, António Costa disse que Portugal é a costa oeste da Europa, numa alusão à costa oeste dos Estados Unidos, também pelo ambiente de criação de negócios.

E exemplificou com as startups portuguesas de sucesso, muitas vezes global.

Começando por avisar que “às vezes é difícil dizer que são portuguesas, porque todas têm nomes ingleses”, enumerou uma série delas: a Farfetch, que actua no negócio da venda online de artigos de luxo, a Outsystems, ou a Codacy (todas no setor dos sistemas de informação), a Aptoid, que é uma loja independente de apps no sistema Android, a Feedzai, empresa de detecção de fraudes eletrónicas no comércio eletrónico, a Talkdesk, que fornece soluções cloud para centros de contacto com clientes, a Visionbox, especializada em reconhecimento electrónico de identidade, ou a Unbabel, plataforma de tradução que usa inteligência artificial.

E, garantiu António Costa, a partir de 2019 o contacto entre as duas costas oeste (a americana e a portuguesa) vai ser mais fácil: a TAP vai passar a ter voos directos entre Lisboa e a Califórnia, tornando a capital portuguesa “a primeira cidade do sul da Europa a ter voos directos de e para São Francisco”.

O discurso do chefe de Governo, complementado por outro do Ministro da Economia, não convenceu completamente Yoshi Tanaka, responsável do Softbank, que tem 200 mil milhões de euros para investir: é mais do que o PIB português.

Tanaka, que já esteve duas vezes em Portugal para participar no Websummit, considerou “interessante” a apresentação portuguesa, mas sublinhou que não conhece “os detalhes do cenário português, as companhias portuguesas”. E por isso deixa uma sugestão: “que o governo português faça um roadshow para nos dar a conhecer o que está a acontecer”

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