A cidade que foi capital de Portugal por 2 vezes (e não é Lisboa)
Desempenhou uma papel muito importante na História do país e é um local que vale a pena descobrir. Conheça a cidade que foi capital de Portugal por 2 vezes.
Acha que a capital de Portugal sempre foi Lisboa? É do conhecimento geral que a primeira capital do país foi Guimarães mas poucos sabem que Portugal teve, ao longo da sua história, 5 capitais distintas, sendo que uma dessas cidades foi capital de Portugal em 2 ocasiões diferentes, ambas muito complicadas: a época da invasão espanhola e consequente domínio filipino e durante as guerras entre absolutistas e liberais. Falamos de Angra do Heroísmo, nos Açores. E caso esteja curioso, antes de lhe contarmos porque razão Angra do Heroísmo foi capital de Portugal, dizemos-lhe desde já que as restantes 4 capitais foram Guimarães, Coimbra, Rio de Janeiro e Lisboa.
Esta cidade, situada na ilha Terceira, foi um porto de escala obrigatório desde o século XV até ao aparecimento dos barcos a vapor, no século XIX. As suas imponentes fortificações de São Sebastião e de São João Baptista, construídas há cerca de 400 anos, são exemplares únicos de arquitectura militar. Excelente exemplo de um tipo de construção ou um conjunto arquitectónico, tecnológico ou paisagístico que ilustra um ou mais períodos significativos da história da humanidade.
Vila desde 1474, Angra foi, historicamente, a primeira cidade europeia do Atlântico (1534), implantada em consequência da abertura de novos horizontes geográficos e culturais proporcionada pelo ciclo dos Descobrimentos portugueses. Desenvolveu-se a partir de seu porto, que se revestiu de grande importância estratégica entre os séculos XV e XIX, ilustrando a passagem dos modos de viver e de construir da Idade Média para a modernidade proporcionada pelos Descobrimentos e pela Renascença.
Ao longo dos séculos esteve ligada à manutenção do Império Português, como escala obrigatória das frotas do Brasil, da África e das Índias. A cidade foi abalada por um forte terramoto em 1 de Janeiro de 1980, sendo então iniciados estudos para a sua restauração e protecção. A classificação pela UNESCO da zona central de Angra do Heroísmo como Património da Humanidade já em 7 de Dezembro de 1983 – a primeira cidade no país a ser inscrita na lista – reflecte a sua importância histórica e cultural.
Durante a sua história, Angra do Heroísmo foi capital do reino de Portugal mas, em condições bastante difíceis. A primeira e a mais complicada foram entre o dia cinco de Agosto do ano de 1580 e o dia cinco de Agosto de 1582 aquando da fundação do governo de D. António, Prior do Crato. A segunda foi anos mais tarde, em 1828, quando foi ali instalada a Junta Provisória, em nome da rainha D. Maria II de Portugal, pelo Decreto de 15 de Março de 1830. Os títulos atribuídos a esta cidade no ano de 1641 e em 1837 vieram confirmar a nobreza de carácter e a lealdade das pessoas destas terras.
A cidade de Angra do Heroísmo sempre teve parte activa na história de Portugal: à época da Crise de sucessão de 1580 resistiu ao domínio Castelhano, apoiando António I de Portugal que aqui estabeleceu o seu governo, de 5 de Agosto de 1580 a 6 de Agosto de 1582. O modo como expulsou os espanhóis entrincheirados na fortaleza do Monte Brasil em 1641 valeu-lhe o título de “Sempre leal cidade”, outorgado por João IV de Portugal. Posteriormente, aqui esteve Afonso VI de Portugal, detido nas dependências da fortaleza do Monte Brasil, de 21 de Junho de 1669 a 30 de Agosto de 1684.
Posteriormente Angra constitui-se na capital da Província dos Açores, sede do Governo-geral e em residência dos Capitães-generais, por Decreto de 30 de Agosto de 1766, funções que desempenhou até 1832. Foi sede da Academia Militar, de 1810 a 1832. No século XIX, Angra constitui-se em centro e alma do movimento liberal em Portugal. Tendo abraçado a causa constitucional, aqui se estabeleceu em 1828 a Junta Provisória, em nome de Maria II de Portugal.
Foi nomeada capital do reino por Decreto de 15 de Março de 1830. Aqui, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), Pedro IV de Portugal organizou a expedição que levou ao desembarque do Mindelo e aqui promulgou alguns dos mais importantes decretos do novo regime, como o que criou novas atribuições às Câmaras Municipais, o que reorganizou o Exército Português, o que aboliu as Sisas e outros impostos, o que extinguiu os morgados e capelas, e o que promulgou a liberdade de ensino no país.
Em reconhecimento de tantos e tão destacados serviços, o Decreto de 12 de Janeiro de 1837 conferiu à cidade o título de “mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo”, e a Rainha D. Maria II de Portugal condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. A cidade sempre teve forte tradição municipalista, e a sua Câmara Municipal foi a primeira do país a ser eleita, já em 1831, após a reforma administrativa do Constitucionalismo (Decreto de 27 de Novembro de 1830).
Em Angra encontraram refúgio Almeida Garrett, durante a Guerra Peninsular, e a rainha Maria II de Portugal entre 1830 e 1833, durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834). Por aqui passou Charles Darwin, a bordo do “HMS Beagle”, tendo aportado a 20 de Setembro de 1836. Darwin partiu daqui para a ilha de São Miguel em 23 de Setembro, após fazer um passeio a cavalo pela ilha, onde entre vários locais visitou as Furnas do Enxofre, tendo na altura afirmado que a nível biológico “nada de interessa encontrar”. Mais tarde, e reconhecendo o seu erro, pediu a vários cientistas, nomeadamente a Joseph Dalton Hooker, a Hewett Cottrell Watson e a Thomas Carew Hunt que lhe enviassem espécimes da flora endémica da Macaronésia e também amostras geológicas.
in vortexmag.net
A primeira cidade europeia do Atlântico foi o Funchal na Ilha da Madeira em 1508, 76 anos antes da elevação de Angra do Heroísmo a Cidade.
ResponderEliminarCerto. E são 26 anos antes de Angra, não são 76. A data indicada no artigo está errada: é bem 1534 e não 1584. Resta ainda verificar os forais das cidades nas Canárias...
EliminarA elevação de Angra a cidade data de 1534 e não de 1584. A merecer correcção no vosso artigo...
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