segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Empreendedora dos Açores cria malas com madeira de criptoméria



Malas de senhora em madeira de criptoméria, com couro de fibra de ananás, estarão disponíveis no mercado em 2017, para venda online, uma ideia original de uma arquiteta e empreendedora dos Açores


Uma ideia original de uma arquiteta e empreendedora dos Açores, Sónia Pereira, fará com que seja possível encontrar malas de senhora feitas em madeira de criptoméria e com coro de ananás. A sua venda será feita no mundo online a partir de 2017. Existem já encomendas de particulares.

“A partir de um protótipo já houve encomendas do produto final, por exemplo, o primeiro-ministro das Bermudas encomendou uma mala, o presidente da IBM Portugal também fez uma encomenda para a sua esposa”, afirmou, em declarações à agência Lusa, Sónia Pereira, assegurando que se trata de um produto “maleável, leve, que traz o aroma da madeira”.

Filha de um carpinteiro, Sónia Pereira desde cedo se habituou a apreciar a madeira, mas foi após a licenciatura em arquitetura, em Lisboa, e de ter vencido, em 2012, um concurso regional de empreendedorismo, com o projeto ‘Casa de bonecas’, que ousou enveredar pela área da moda.

Apesar de a sua empresa startup estar orientada para as maquetes em madeira de criptoméria, não esconde ser “apaixonada por moda”, o que a levou a querer ser mais criativa.

“Consegui perceber que há um grande potencial nesta matéria-prima”, referiu, acrescentando que a ideia das malas surgiu da necessidade de criar algo pessoal e inovador para usar num evento social.

Depois de ter conquistado o prémio regional, de ter recorrido a fundos comunitários para adquirir equipamento e de se ter instalado no parque de tecnologia da ilha de São Miguel, na cidade da Lagoa, começou a dar vida a protótipos de malas.

Neste momento o seu ateliê está a ultimar a primeira coleção, que será lançada em 2017, com três modelos de malas, de diferentes dimensões.

“Nesta primeira coleção estamos a trabalhar com o tema ‘Raízes’, que resultou do livro escrito pelo dr. Augusto Athayde, em que conta a história da chegada da criptoméria aos Açores, que foi trazida por José do Canto”, referiu a jovem empresária, alegando que o seu produto tem a história dos Açores associada.

A área de floresta nos Açores tem 12.698 hectares de matas de criptoméria (Cryptomeria japonica D. Don) e cerca de 4.500 hectares estão sob a gestão do Governo Regional. Destes, 2.119 hectares encontram-se na ilha de São Miguel.

O processo criativo e de corte da matéria-prima é da responsabilidade de Sónia, bem como o revestimento final do produto feito manualmente nos Açores. Já a confeção da base da mala decorre na região Norte do país.

Para conseguir chegar ao produto final são utilizadas máquinas laser e 3D, de última geração, assim como é aproveitada uma parte da criptoméria que é pouco valorizada – as primeiras camadas do exterior das árvores.

“É um produto totalmente natural, amigo do ambiente e com matérias-primas locais, para mostrar o quanto os Açores são bonitos”, alegou a empresária, revelando que o preço das malas ainda não está definido.

Segundo Sónia Pereira, que considera que ser empreendedora é “um desafio encantador e também um desafio que assusta”, ideias para futuros projetos na moda não lhe faltam, mas por agora prefere estar concentrada em produzir malas.

in observador.pt

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