Arquitecto açoriano é co-autor de projecto premiado internacionalmente
Com 35 anos, o arquitecto açoriano Manuel Dinis é co-autor do projecto de arquitectura do Centro Pastoral de Moscavide, que foi inaugurado em Dezembro de 2016, e que foi um dos vencedores deste ano de um dos prémios de arquitectura mais abrangentes do mundo. O projecto foi distinguido pelo “The American Architecture Prize” na categoria de design arquitectónico/ arquitectura institucional, sendo a primeira vez que um projecto português vence nesta categoria.
Os vencedores foram seleccionados de entre mais de mil projectos de 68 países nas 41 categorias, em todas as disciplinas de arquitectura, design de interiores e arquitectura de paisagem.
O co-autor do projecto, em co-autoria com o Atelier Plano Humano Arquitectos, de Lisboa, confessa que uma das principais dificuldades que encontrou neste projecto foi devido à proximidade do espaço com a Igreja de Santo António de Moscavide, que é um edifício em vias de classificação como Imóvel de Interesse Nacional.
Manuel Dinis diz que a principal dificuldade “foi não tirar protagonismo à igreja e tudo o que se fizesse, fosse simples. Criar linhas simples, que pudessem integrar-se no resto do quarteirão”, explica.
Não tirar protagonismo à Igreja e criar um edifício que “ ajudasse a reabilitar toda a praça em frente, que é uma zona de muito trânsito. Não podia haver um edifício muito alto, muito bruto e sem identidade. A maior dificuldade foi essa”, confessa.
Outra questão a ter em conta era o facto do terreno “não ter muitas fontes de iluminação natural e teve de se criar um pátio central, um pequeno ponto de luz, para distribuir iluminação natural para os espaços interiores”.
Manuel Dinis, que actualmente é coordenador de projecto e sócio-gerente do Atelier Mood Arquitectos em São Miguel, explica que este projecto surgiu de uma necessidade de se criarem novos serviços de apoio à Igreja de Santo António de Moscavide. Para isso a Igreja adquiriu algumas habitações situadas junto às imediações e era preciso desenhar aquele espaço de forma a que se integrasse com a envolvente e criasse as novas valências tão necessárias.
“A ampliação foi complicada porque a Igreja está prestes a ser Património de Interesse Público, teve de se fazer uma intervenção que tivesse o menor impacto possível, o mais simples possível, para ver se encaixava de forma subtil”, explica Manuel Dinis.
Além disso, teria de proporcionar valências como capelas mortuárias, salas de catequese, habitação de apoio ao pároco e incluir também uma sala para os escuteiros.
De forma natural, diz o arquitecto, foram começando a surgir os espaços. “As capelas mortuárias ficaram na parte traseira, com acesso independente do Centro Pastoral, porque não fazia sentido ter a entrada para as capelas no mesmo sítio onde as crianças têm catequese”, refere.
Depois, com o átrio “bastante grande”, quem está dentro do edifício e se desloca para o exterior “há a continuidade através de um material, que é o betão, que vai buscar a calçada cinzenta, e dá a continuidade como se o interior se desenvolvesse no exterior”, explica Manuel Dinis.
Apesar disso, o arquitecto diz que “nunca pensei” que o projecto pudesse ganhar agora este prémio na categoria design arquitectónico/ arquitectura institucional. “O projecto vale o que vale mas tinha potencial para ficar melhor”, referindo que depois de apresentado um projecto há que haver algumas cedências de parte a parte para que a obra possa ficar de acordo com as necessidades do cliente. Mas “se ganhou é porque merece”, refere o arquitecto.
Até porque, “ajudou a criar uma nova vida naquela zona. Moscavide era uma zona operária e é um local com muitos edifícios antigos e quem vai a Moscavide nota que aquele edifício criou uma nova contemporaneidade que estava a faltar”, confessa Manuel Dinis.
Mood Arquitectos
Manuel Dinis confessa que “tive a sorte de acabar o curso e começar logo a trabalhar em arquitectura” e esteve envolvido em vários projectos de arquitectura, em nome individual e colectivos, antes de regressar a São Miguel, de onde é natural. Por enquanto, a Casa da Praia em São Roque, junto à Praia das Milícias no local onde existia antes um restaurante, é a que lhe tem dado mais projecção.
Foi também depois da Casa da Praia que foi “dando passos pequenos em São Miguel” e começou por abrir um “gabinete pequeno”, pedindo ajudas pontuais quando fosse necessário. Até que foi evoluindo e abriu o Atelier Mood Arquitectos, que conta já com quatro arquitectos (Manuel Dinis, que é coordenador de projecto e sócio-gerente, o arquitecto Pedro Cansado (sócio), o arquitecto Miguel Frazão, Menção Honrosa do Archiprix, e a arquitecta Jennifer Martins). “ Uma jovem equipa de arquitectos açorianos com provas dadas”, refere Manuel Dinis que acrescenta que o Atelier é já responsável, entre outros projectos, por um novo projecto turístico de luxo que vai nascer em Rabo de Peixe.
“Temos grandes projectos e tudo tem corrido muito bem”, salienta Manuel Dinis que é também, agora, o primeiro arquitecto açoriano a receber a distinção do “The American Architecture Prize”, na categoria design arquitectónico/ arquitectura institucional, cuja cerimónia de entrega dos prémios será a 27 de Outubro em Nova Iorque.
Fonte: Correios dos Açores
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