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A misteriosa história do veleiro que voltou do fundo do mar



Três meses e meio depois de ter sido dado como afundado no Atlântico pela Força Aérea, o veleiro de um navegador solitário é encontrado à deriva e rebocado para o porto da Horta

Terça-feira, 20 de junho. Com o país tomado pela emoção da tragédia em Pedrógão, a 350 quilómetros a este da ilha Terceira um navegador solitário de nacionalidade britânica, com 69 anos, pede ajuda.

Em seu auxílio seguiu um avião C-295M da Força Aérea Portuguesa, “ativado para detetar o veleiro e coordenar o resgate do tripulante”, pode ler-se num post publicado poucos dias depois no Facebook da Esquadra 502, onde consta um vídeo do momento em que a aeronave sobrevoou o “Alice Gull”.

Mais se conta nesse post que “o tripulante pediu auxílio, depois de ter ficado sem motor e se encontrar a navegar a favor do vento, sem capacidade para seguir viagem”.

Neste tipo de missões de busca e salvamento, o avião é fundamental para guiar de forma precisa a tripulação do helicóptero EH-101 Merlin até ao local do resgate. Mas desta vez nem foi necessário, porque um porta-contentores, o “Bianca”, de 334 metros de comprimento por 42 de largura, “divergiu da sua rota para prestar auxílio e acabou por resgatar o tripulante do veleiro”.

Já o “Alice Gull”, pode ler-se no Facebook, acabaria por afundar-se no Atlântico. “O C-295M da Esquadra 502 manteve-se na área de operações até ao afundar do veleiro. As condições atmosféricas no local do resgate eram de ondulação de 2 metros e vento de Noroeste, a 20 km/h.”




Três meses e 16 dias depois – sexta-feira, 6 de outubro – eis que uma embarcação de pesca costeira, a “M. Arriaga”, deu com o dito veleiro à deriva “sem tripulação a cerca de 120 milhas náuticas [222 quilómetros] a sudoeste do Faial”, tendo procedido ao seu reboque até ao porto da Horta, informa esta segunda-feira a Autoridade Marítima Nacional.

No comunicado enviado às redações esta segunda-feira, mais se conta que, logo após a chegada do “Alice Gull”, o comando local da Polícia Marítima da Horta tratou de “indagar sobre o que eventualmente teria acontecido a bordo”, tendo concluído “que o veleiro foi objeto duma ação de busca e salvamento a 20 de junho deste ano, ação essa coordenada pelo Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Ponta Delgada, que contou com a participação do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Aéreo da Força Aérea, na Ilha Terceira, resultando no resgate do seu único tripulante por um navio mercante”.

Conta-se ainda que, contrariamente ao que teria sido declarado pelo navegador solitário, “os serviços da Capitania conseguiram colocar o motor em funcionamento e transportá-lo pelos próprios meios para o local onde ficará a aguardar a chegada do seu proprietário”.

“O seu dono, resgatado em junho passado, foi já contactado pelo Capitão do Porto da Horta, mostrando-se satisfeito e demonstrando vontade de, em breve, se deslocar à Horta para avaliar o estado do veleiro, que de resto aparenta grande robustez, sobretudo considerando que esteve à deriva no Atlântico durante quase 4 meses”, remata o comunicado da Autoridade Marítima Nacional.

in expresso.sapo.pt

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