O crescimento do turismo nesta região tem vindo a aumentar com os anos e a tendência é para se manter. A liberalização do espaço aéreo, com a entrada de companhias low-cost, deu um forte empurrão, mas a easyJet já anunciou que vai deixar de voar a partir de outubro
Os Açores ocupam o quarto lugar do top- -15 dos tesouros escondidos. A conclusão é do guia europeu elaborado pela Mastercard que pretende desvendar os destinos de viagem mais especiais, menos conhecidos e acessíveis na Europa. “Foram vários os locais e atributos apontados ao arquipélago dos Açores, entre os quais ser considerado um paraíso pouco explorado a um preço acessível, mas de uma beleza natural extraordinária”, destaca o ranking.
Os Açores são apenas ultrapassados nesta lista pela região de Salzkammergut, na Áustria, onde se localiza o lago Hallstatt, pela cidade medieval de Zebugg, em Malta, e pela região das Astúrias, no norte de Espanha (ver ao lado).
Mas as distinções não ficam por aqui. Recentemente, este arquipélago foi nomeado para melhor destino insular da Europa nos World Travel Awards 2017 (WTA), galardão criado em 1993 para estimular a competitividade e a qualidade do turismo e que confere os mais prestigiados prémios da indústria de viagens e turismo. E recentemente, a Forbes, através de um artigo escrito pelo site de viagens Fathom, afirma que o arquipélago é o destino de verão deste ano. No artigo sobre “Porque deve passar o verão nos Açores, o Hawai do Atlântico”, destacam--se a gastronomia e as atividades relacionadas com as águas termais, além do clima.
Turismo a aumentar
A verdade é que o turismo nesta região tem vindo a crescer nos últimos meses, em parte impulsionado pela oferta das companhias áreas low-cost, uma vez que ela permitiu o acesso a tarifas mais baixas. O número de visitantes e de dormidas aumentou, beneficiando a economia.
E os números falam por si: em abril, a atividade turística cresceu mais de 30% nesta região. Mas este aumento tem vindo a ser registado desde o início do ano. Só nos primeiros quatro meses do ano foram contabilizadas mais de 400 mil dormidas.
Também a estada média registou um aumento, em abril, nos Açores e ficou ligeiramente acima da média nacional; 3,01 face a 2,70 noites.
O diretor regional dos Transportes, Luís Filipe Melo, já veio admitir que “ os Açores, tal como Portugal, estão na moda, e isto iniciou-se muito recentemente, em março de 2015, com a alteração do modelo de transporte aéreo”.
De 2014 para 2016 assistiu-se a um aumento de 45% nos passageiros desembarcados, o que representou mais 411 mil passageiros nos aeroportos dos Açores. E nos primeiros quatro meses do ano, o arquipélago já está a registar um crescimento de 19% face ao período homólogo, o que representa mais 63 mil passageiros. A tendência é para continuar a crescer na ordem dos 20%.
Este acréscimo no número de turistas, como era de prever, também se reflete nos proveitos totais. Estes registaram um aumento entre 2014 e 2016, passando de 46 milhões de euros para 72,5 milhões.
Liberalização do espaço aéreo
Este processo de liberalização, que começou a dar os primeiros passos em março de 2015 – quando foram liberalizadas as rotas aéreas para a ilha da Madeira, já que, para a Terceira, só arrancaram em dezembro do ano passado –, traduziu-se numa “alavancagem do crescimento do turismo”, não só pela redução do preço das passagens, mas pela visibilidade que as companhias aéreas de baixo custo deram ao destino. A garantia é do presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores, Sandro Paim.
Também para Marta Guerreiro, secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, a par do crescimento da hotelaria tradicional assistiu-se ainda ao aumento do alojamento local que, no final do ano passado, já ultrapassava as mil unidades. “Este tipo de alojamento é muito importante porque permite aos turistas que nos visitam terem experiências diferentes no destino. Estão muitas vezes mais próximos das populações, mais integrados. É uma oferta complementar que consideramos bastante interessante, naturalmente, devidamente legalizada e com todas as questões fiscais regulares”, revelou.
Apesar das perspetivas de crescimento, ainda não se sabe qual vai ser o impacto a partir de outubro, altura em que a easyJet vai deixar de operar o voo Lisboa-Ponta Delgada. Para José Lopes, diretor da companhia aérea em Portugal, esta rota vai deixar de existir devido à dificuldade de entrada no mercado e à concorrência, nomeadamente low-cost. Neste momento, a empresa está a competir com seis a oito voos concorrentes.
“Neste momento, não temos disponibilidade de aviões em Portugal que nos permita pôr dois voos diários a operar para os Açores, o que quer dizer que não conseguimos colocar no mercado um produto que esteja ao nível daquilo que as pessoas esperam da easyJet”, explicou. O último voo para Ponta Delgada realiza-se a 28 de outubro”, revelou o responsável no dia da apresentação do horário de inverno.
in ionline.sapo.pt
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