Baleia quase desconhecida foi filmada ao largo dos açores
A baleia bicuda de True (Mesoplodon mirus) raramente foi observada viva, até aos dias de hoje, e muitos cientistas passam anos a tentar registá-la sem sucesso. Um grupo de investigadores divulgou agora o primeiro vídeo submarino deste cetáceo, filmado por acaso por um grupo de estudantes ao largo dos Açores.
Esta espécie de cetáceo pertence à família Ziphiidae, que inclui 22 espécies de baleias com dentes, conhecidas também por baleias bicudas. Destas, algumas estão entre os grandes mamíferos mais mal conhecidos em todo o mundo. Por um lado, estes animais passam longos períodos debaixo de água; por outro, há espécies que se confundem entre si e são difíceis de identificar no mar.
O grupo de cientistas, que inclui investigadores portugueses, lembra que a baleia bicuda de True ocorre principalmente no Atlântico Norte, embora esteja também presente mais a sul, junto a países como Moçambique e a Austrália.
São precisamente os Açores, Madeira e Ilhas Canárias que marcam o limite sul da presença destes cetáceos no Atlântico Norte, indica o estudo ‘Baleia bicuda de True na Macaronésia’, publicado na PeerJ, que descreve as características físicas da espécie com base em 12 observações registadas entre 1984 e 2016 – incluindo o vídeo agora divulgado.
“De repente, três zífios apareceram e começaram a nadar à volta da embarcação. Ninguém reconheceu aquela espécie de zífio, que nadava a cinco metros do barco, e ninguém se deu conta de que estavam a gravar o primeiro vídeo de zífios de True”, descreveu ao El Mundo uma das autoras do estudo, Natacha Aguilar de Soto.
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“O registo de várias observações desta espécie nas águas profundas mas relativamente costeiras ao largo dos Açores e das Ilhas Canárias sugere que estes arquipélagos podem ser locais únicos para o estudo do comportamento da enigmática baleia bicuda de True”, sublinham os autores do artigo.
A espécie foi descrita pela primeira vez em 1913. Apesar da falta de dados sobre esta baleia, acredita-se que “não é rara no Atlântico Norte”,segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
Quanto aos dados que o estudo permitiu reunir sobre as características físicas destas baleias, nomeadamente a sua coloração, Natacha Aguilar de Soto acredita que vão ser muito úteis para ajudar a distinguir os animais, quer estejam arrojados numa praia ou sejam avistados no alto mar.
“[Identificar a baleia bicuda de True no mar] é tão difícil que não há ainda estimativas sobre a abundância da população global ou local desta espécie. Se os cientistas não conseguem reconhecer a espécie com toda a certeza durante as pesquisas, não podemos contabilizá-las!”, explicou a investigadora, numa entrevista ao blogue da PeerJ.
Fonte: wilder.pt
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