Mensagem numa garrafa lançada nas Bahamas encontrada em Santa Maria
A história remonta ao ano de 1979. Uma adolescente de 14 anos passava férias em família num cruzeiro que ligava Nova Iorque às Bahamas. De entre as várias atividades disponíveis no navio cruzeiro para as crianças, uma delas denominava-se por “carta numa garrafa” que encorajava as crianças a escreverem uma mensagem para lançar ao mar. Jeanette Falotico assim o fez. A garrafa foi encontrada na ilha de Santa Maria dois anos depois - no dia 20 de Novembro de 1981- pelo senhor António Monteiro. Foi junto à Poça do Carro, pequena enseada localizada na baía dos Anjos que António Monteiro, quando se encontrava a pescar, deu pela presença de um objecto. Contou ao jornal “O Baluarte” que “estava a caranguejar , eram cerca das onze horas da noite e a garrafa estava em cima de uma baixa”.
António Monteiro entretanto referiu que “ algo me dizia que eu tinha de ir àquela baixa que ía dar caranguejo e voltei para trás”. Foi então que viu a garrafa e reparou, desde logo, que tinha um papel no interior. Recolheu a garrafa e levou para casa onde a partiu para retirar o papel. Como a mensagem estava escrita em inglês , António levou-a para o serviço onde um colega de trabalho a traduziu e escreveu de volta para a direção que Jeanette Falotico facultou. No texto enviado por António Monteiro podia ler-se (ver imagem da carta ) “ Eu sou a pessoa que encontrou a sua garrafa! E estou muito feliz por isso! A garrafa foi encontrada na minha ilha (Santa Maria Açores) a 20 de Novembro de 1981. Você não escreveu nenhuma data na sua mensagem e eu gostaria de saber isso. Por favor diga-me algo se puder – sobre a data e sobre si…” . Um mês depois, obteve resposta - Jeanette fazia chegar a António Monteiro uma fotografia e uma carta na qual falava um pouco sobre si (na altura tinha 16 anos) e pedia que António fizesse o mesmo.
Desde esse dia o contacto entre ambos perdeu-se porque , como referiu António Monteiro “eu não sabia escrever em inglês, depois pedi a um colega que o fizesse mas o tempo foi passando e nunca cheguei a responder”. Volvidos 35 anos, Jeanette não desistiu. A então adolescente de 14 anos - com 49 actualmente- voltou a insistir e enviou uma carta para a morada inicial. Contudo, aquela era a morada de serviço de António Monteiro – antiga Mobil, no Aeroporto de Santa Maria - já inexistente. A carta foi colocada noutro cacifo e foi encontrada por um amigo de António Monteiro que a fez chegar a si. Mudam-se os tempos e, desta vez, Jeanette Falotico disponibilizou outros contactos, entre eles, o seu email. A partir daí, aquilo que parecia ser uma história do nosso imaginário tomou contornos reais. André Monteiro, neto de António, entrou em contacto com Jeanette e, nessa troca de emails, marcaram reunir-se em Santa Maria.
O encontro deu-se no passado mês de Maio , Jeanette deslocou-se propositadamente a Santa Maria para conhecer a pessoa que, em 1981, tinha encontrado a garrafa, lançada por ela, dois anos antes. O jornal O Baluarte falou com os protagonistas da história atrás exposta , precisamente na baía dos Anjos, palco desta aventura. Jeanette referiu que ficou muito contente com este encontro e que “ o Sr. António é exatamente como ela imaginava ser”. Já no final da entrevista – num ambiente descontraído, com a visível satisfação estampada no rosto de ambos - questionado sobre se tinha apanhado muito caranguejo, o Sr António sorriu e disse “ Apanhei, naqueles tempos apanhava-se e aquele [referindo-se à garrafa] , foi o maior”
Jeanette Falotico permaneceu em Santa Maria apenas três dias com a promessa de um dia voltar.
Texto de Luciana Magalhães, Publicado no Jornal O Baluarte de Santa Maria em Agosto 2016
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