Foto de Pedro Silva
O único hotel do Corvo tem, todos os anos, em outubro, lotação esgotada devido à observação de aves, principal atividade turística na ilha mais pequena dos Açores, disse hoje à Lusa o proprietário, Manuel Rita.
“O mês em que estamos esgotados é sempre outubro”, afirmou Manuel Rita, de 68 anos, assinalando que “este é o primeiro ‘calhau’ entre o Canadá e o norte de África por onde passam aves”.
Segundo Manuel Rita, que foi presidente da Câmara de Vila do Corvo durante 12 anos, a procura da Vila do Corvo para a observação de aves começou há cerca de uma década, pelas mãos de um inglês.
“Acabou por ficar uma semana retido devido ao mau tempo e viu aves que nunca antes tinham sido vistas na Europa”, declarou o proprietário do hotel, com 14 quartos.
A filha do proprietário, Kathy Rita, de 42 anos, adiantou que no hotel já há reservas para outubro de 2017.
“São pessoas que reservaram também para este ano. Ainda não chegaram este ano e já marcaram para 2017”, referiu Kathy Rita, considerando que a “observação de aves é muito importante para a ilha, porque ocorre na época baixa”.
Kathy Rita explicou que “o ano passado, pelo menos 74 pessoas vieram para o Corvo em outubro, o melhor mês do ano”, ocupando, além do hotel, o parque de campismo e casas particulares.
O diretor do Parque Natural da Ilha do Corvo, Fernando Ferreira, informou que “a localização geográfica do Corvo, que fica mais ou menos a meio caminho entre a Europa e os Estados Unidos, é um ponto fundamental para a entrada de diferentes aves que, por vezes, não são avistadas noutros pontos da Europa e até da América”.
Segundo Fernando Ferreira, os “bird watchers” procuram o Corvo “entre finais de setembro e finais de outubro, durante quatro ou cinco semanas”, havendo um “grupo de fiéis”, que ultrapassa as 40 pessoas, a que se junta “uma minoria nova” em cada ano.
“Uma vez que essas aves [basicamente migratórias], ou por cansaço ou por ventos que as desviam das suas rotas, entram aqui na ilha, eles têm oportunidade de em diferentes pontos” as observar, esclareceu, realçando que, embora a ilha tenha toda ela “sítios bons” para visualizar, “há quatro ou cinco ‘spots’ muito importantes que eles sabem de antemão quais são” e para onde os ‘bird watchers’ se deslocam.
O responsável reconheceu que a presença dos observadores de aves acaba por dar “um ar extravagante à vila”, porque “andam carregados com as suas teleobjetivas, grandes mochilas e máquinas fotográficas” e pedem, “inclusivamente, boleia aos agricultores”, além de revitalizar do ponto de vista económico a ilha.
“Há, de certa maneira, de há dez anos a esta parte, uma familiaridade com esses ‘bird watchers’ por causa do ponto de entrada das espécies raras que não são avistadas ou na Europa ou na América”, esclareceu, exemplificando com a mobelha, a coruja das neves ou patos de diferentes famílias.
O secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, que está hoje e sexta-feira no Corvo no âmbito da visita estatutária do Governo Regional à ilha, sublinhou que a observação de aves “é o principal produto turístico da ilha”, notando que “uma das grandes vantagens” é por se desenvolver na época baixa, “atenuando os efeitos da sazonalidade”.
Vítor Fraga destacou, por outro lado, que este tipo de atividade “fideliza e tem efeito de repetição” e contribui para “o desenvolvimento equilibrado do turismo” nas nove ilhas dos Açores.
in Diário Digital
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