A empresa de animação turística Picos de Aventura quer avançar com a construção de um Parque Temático no Porto de Ponta Delgada. O Azores Aquarium está projectado para uma plataforma sobre o mar. O investimento de 15 milhões e meio de euros terá a forma de um vulcão e a presença do basalto, como elementos da identidade açoriana. A perspectiva é que possa ser inaugurado no segundo semestre de 2018
Se tudo correr dentro do previsto, no segundo semestre de 2018 a empresa Picos de Aventura abre as portas do Azores Aquarium, no porto de Ponta Delgada. O investimento que ronda os 15 milhões e meio é um projecto “arrojado” como reconhece João Rodrigues Presidente da Picos de Aventura. A ideia da empresa surgiu há cerca de dois anos e meio mas o conceito é mais antigo: “Desde os anos 90 que o professor Frias Martins tinha a intenção de colocar na ilha de São Miguel um empreendimento desta natureza”.
O que para a empresa de animação turística começou por ser uma proposta para responder à sazonalidade do turismo na Região, atingiu outras proporções com a parceria que entretanto estabeleceram com a MUSE - Museums & Expos International Limited – (uma empresa especializada em desenho, desenvolvimento e implementação de projectos para museus, parques temáticos, exposições internacionais e mundiais e de consultoria cultural).
“Projecto único e pensado
exclusivamente para os Açores”
Lúcia Alegrias, gestora de Projectos da MUSE confirma que “de imediato” reconheceram o potencial do projecto e abraçaram a iniciativa. A conceptualização incluiu a participação do atelier de arquitectura - Estúdio Alvaro Planchuelo, reconhecido pela “experiência significativa na concepção de projectos similares em todo o mundo”. No entanto, como faz questão de sublinhar Lúcia Alegrias, desde o inicio que se assumiu não como “um projecto de São Miguel mas de toda a Região e em que todos os açorianos se pudessem rever”.
Esta foi uma ideia repetida pelos quatro entrevistados que apresentaram o projecto ao ‘Correio dos Açores’. Emilio Roca, Director Executivo e Criativo da MUSE confirmou que o Azores Aquarium é “um projecto único e pensado exclusivamente para os Açores”, garantindo que há aquários em muitos lugares mas que “não haverá outro igual ao dos Açores”.
Azores Aquiarium vai destacar a
“fauna marinha da Macaronésia”
Com mais de 25 anos de experiência na gestão de projectos culturais e de experiências temáticas, Emílio Roca enfrentou o “triplo desafio”, como o classifica, de conseguirem conceber: “um novo foco turístico de alto interesse internacional, fora do padrão normal local, com uma dimensão que possa atrair”, “que seja um elemento dinâmico” e que “fosse um elemento integrador e que todos os açorianos o reconheceu como seu, identitário”.
Antes de estar envolvido no projecto Emílio Roca ainda não tinha vindo aos Açores, mas das experiências em mais de cinquenta países sabia que “é preciso ir ao lugar, entender a realidade e procurar os elementos que tenham interesse local e internacional”. Consciente que era preciso criar “algo único, identitário e diferente” constatou que não existem oceanários ou aquários que tratem da “Fauna Marinha da Macaronésia”.
Emílio Roca também sublinha a importância de “criar um espaço onde as pessoas ao caminhar estejam a mergulhar e observar”. Adianta que os números confirmam esta necessidade. Refere que do meio milhão de visitantes, apenas 80 saem para ver os animais marinhos e apenas 17 mergulham, ou seja, “só 3% das pessoas que veem aqui, mergulham”. Reconhecendo que não é possível ter meio milhão de pessoa a mergulhar, o Azores Aquarium será a alternativa.
Acrescenta que o empreendimento será uma “ferramenta para divulgar o presente e o futuro de um dos maiores bens, que são os nossos mares, os nossos oceanos que neste momento estão numa autêntica crise”.
Apesar da dimensão internacional é
“projecto dos Açores e dos açorianos”
Para a Picos de Aventura a ideia inicial deu um salto considerável com a experiência dos vários parceiros que se associaram ao projecto. Agora, estão convictos que para além da dimensão turística do projecto, os açorianos podem ser os grandes beneficiários do Azores Aquarium, a começar pelas crianças, “que vão conhecer melhor a sua realidade, o seu potencial”. A nível da Região, vai ser possível fazer-se um trabalho de conservação dos mares e do meio ambiente”.
Também Tiago Raiano, administrador da Newtour, uma das maiores accionistas da Picos de Aventura, faz questão de sublinhar que o “projecto é claramente de matriz açoriana”, que pretende “mostrar o que os Açores têm e abrir os mares numa perspectiva completamente diferente”.
Tiago Raiano está confiante na “projecção que o Azores Aquarium vai ter para os Açores a médio e longo prazo”. Faz questão de realçar que este é “um projecto dos Açores e dos açorianos” que permitirá valorizar e potenciar outros projectos na Região: “Criar aqui um novo drive do ponto de vista económico, que seja agregador das outras ilhas e daquilo que são projectos, muito bem conseguidos, que começam a existir nas outras ilhas – que podem efectivamente estar corporizados aqui mas numa lógica de potenciar esses projectos existentes nas outras ilhas”.
Esse envolvimento de outros agentes e intervenientes já se tem verificado nesta fase preparatória em que foram envolvidas e consultadas uma série de “pessoas e parceiros” que têm contribuído para encontrar “as melhores soluções” para “servir melhor os Açores”. Em termos oficiais as entidades têm acarinhado o conceito subjacente ao Azores Aquarium. Para além da Secretaria Regional do Turismo, da Câmara Municipal de Ponta Delgada e da Portos dos Açores os promotores constatam entusiasmo por parte de diversos intervenientes.
O projecto Azores Aquarium esteve em exposição pública mas não mereceu qualquer objecção ou contra-proposta por parte de outros interessados. Com luz verde para avançar, os responsáveis estão a ultimar alguns pormenores. Em termos de financiamento, apesar de ser uma iniciativa privada os responsáveis vão candidatar-se a apoios públicos. Em termos directos esperam criar, pelo menos trinta postos de trabalho e em termos indirectos os números são superiores.
“Não haverá outro
aquário igual”, garantem
os promotores que se inspiraram nos vulcões
Apesar de ter inscrito no nome o conceito de aquário o empreendimento pode ser descrito como um autêntico “Parque Temático” que se vai erguer numa plataforma sobre o mar. Os três mil e quinhentos metros quadrados de área vão ser implementados em dois mil metros, no Porto de Ponta Delgada. A estrutura ficará nas águas do porto, a uma distância de 150 metros dos edifícios protegidos da fachada marítima, a 100 metros da marina e a 70 metros da ponta do cais de pescas. A altura máxima para a edificação será de 16 metros e os promotores garantem que ficará a um nível inferior da fachada da Avenida Infante Dom Henrique.
Com uma estrutura octogonal o Azores Aquarium assume a forma de um vulcão cujas fachadas se iluminam durante a noite “convertendo o edifício num farol multicolor… uma referência na cidade e no porto marítimo”, lê-se no projecto inicial. Emílio Roca, um dos responsáveis pela conceptualização do projecto, adianta que a ideia de um vulcão surgiu durante uma visita ao ilhéu de Vila Franca do Campo.
O basalto será mais um dos elementos presente no Parque Temático, à semelhança do que acontece nas paisagens açorianas. No interior será instalado um aquário central, com mais de um milhão de metros cúbicos de água e com cerca de 5 metros de altura, onde haverá diversas espécies que vivem nos mares da Macaronésia. Nos outros dez tanques estarão “as espécies vivas mais representativas do Mar dos Açores”. O projecto também inclui a instalação de um laboratório cientifico-pedagógico, um centro de mergulho no tanque oceanário, uma doca de recuperação de mamíferos marinhos e uma doca para natação terapêutica com golfinhos.
Restaurante gourmet submarino
Na parte do lazer, o complexo prevê uma cafetaria-restaurante e um restaurante gourmet submarino. Está também previsto um bar com terraço panorâmico, uma loja, um auditório para cerca de 100 pessoas. Em termos de actividade turística de “Wahle Watching” estão previstos serviços de venda de bilhetes, promoção, preparação e cais para embarcações. A plataforma onde se situa o edifício terá três passadeiras que fazem a ligação ao passeio marítimo “de modo a facilitar o acesso público e o caminho para instalação”.
No interior do complexo, no piso inferior, haverá uma exposição permanente – “Viagem Virtual pelo Mar dos Açores” - que se estende por cinco salas interpretativas e duas zonas de aquário. Ainda de acordo com o projecto inicial, as cinco zonas dividem-se pelo “mar desde a superfície (audiovisual)”, a “dorsal mesoatlântica (interactivo)”, “rochas na costa (aquário – módulos interactivos)”, “à descoberta do vulcão (aquário e oceanário)”, “viagem ao fundo abissal (simulador), “a ciência e o mar (interactivo)” e “a cultura do mar: tradição e futuro (interactivo)”.
Fonte: Correio dos Açores
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