Congresso norte-americano encarrega o secretário de Estado da Defesa de analisar a instalação nas Lajes de novas valências nas vertentes aérea e naval
Até 1 de abril de 2016, o secretário de Estado da Defesa norte-americano deverá apresentar às comissões de Defesa das duas câmaras do Congresso uma avaliação fundamentada da viabilidade da utilização da base das Lajes, nos Açores, para uma ou mais das seguintes funções: serviços de informação secreta militar; treino ar-ar de pilotos de caça; e presença rotativa de forças navais.
Este é para já o efeito prático da aprovação, esta quinta-feira em Washington, quer no Senado quer na Câmara dos Representantes, do National Defense Authorization Act (NDAA)que incluiu uma secção com uma alínea específica sobre possíveis novas valências para as Lajes.
De acordo com o NDAA, o plano que venha a ser entregue pelo secretário da Defesa deverá especificar o tipo e número de forças e meios que considere serem necessários para o cumprimento dessas missões, bem como a sua duração e frequência. Congressistas e senadores solicitam ainda que lhes seja indicado a necessidade eventual de investir em infraestruturas adicionais de apoio às missões, bem como os meios humanos que venham a ser necessários para a sua prossecução.
A possibilidade de novas funções para as Lajes nas vertentes aérea e naval está a ser interpretada nos meios diplomáticos como uma vitória de Portugal, dos congressistas norte-americanos, incluindo lusodescendentes, e vários senadores, na guerra que mantêm contra a conversão da Base Aérea n.º 65 dos EUA apenas numa bomba de gasolina.
“A MELHOR LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA DA TERRA”
O embaixador norte-americano em Lisboa, Robert Sherman, recebeu em finais de julho uma carta do presidente do Comité de Supervisão do Congresso, intimando-o a revelar todas as comunicações, análises e relatórios relativos à base das Lajes. O comité, que investiga atos e comportamentos eventualmente criminosos da Administração norte-americana, considera que pode ter havido manipulação de dados ou desinformação sobre as Lajes, que levaram à decisão do Pentágono de a excluir como local alternativo para albergar o Centro Conjunto de Análise de Informações.
No âmbito da reorganização das forças militares americanas na Europa, anunciada em janeiro pelo Departamento de Defesa, foi decidido que aquele centro, que reúne mais de mil analistas, seria localizado na base de Croughton, na Grã-Bretanha, o que implicaria um custo de mais de 300 milhões de dólares.
Na mesma secção onde solicita a análise de possíveis novas valências para as Lajes, o NDAA incliu uma outra alínea na qual se encarrega o secretário da Defesa de rever de forma aprofundada o projeto de instalação do Centro Conjunto de Análise de Informações em Croughton. Sem que os pressupostos que estiveram na escolha desta base sejam revistos, e se conclua que é. sem margem para dúvidas a melhor localização, não deverá ser gasto um único cêntimo, dispõe o Congresso.
A reorganização determinou também o encerramento de várias bases na Europa e a redução das Lajes. Além do pessoal civil português, os americanos deverão diminuir o atual contingente de 650 militares para aproximadamente 150.
Mas uma proposta do Congresso, por impulso do presidente do Comité de Intelligence, o lusodescendente Devin Nunes, veio sugerir há alguns meses que, ao contrário do que pretendia o Pentágono, a melhor e mais barata localização para o centro de análise devia ser as Lajes. Nunes sempre se bateu por uma "reorientação da base", que não pode ser apenas uma "bomba de gasolina do tio Sam".
Em declarações ao Expresso, em junho, o congressista afirmou que as Lajes eram não só "a melhor localização estratégica da Terra", como a mais segura, do ponto de vista de uma instalação sensível. Quanto a custos, Nunes dizia que essa opção permitiria poupar entre 500-800 a mil milhões de dólares.
Fonte: Expresso
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