Açores: O admirável mundo novo dos vinhos do Pico
Património da Humanidade, a paisagem das vinhas do Pico têm vindo a ganhar uma nova vida, graças a recentes projetos vínicos. O Wine in Azores, este mês de outubro, é uma excelente oportunidade para descobrir alguns tesouros nascidos na lava.
Antes de se chegar ao copo, os vinhos do Pico, merecem uma breve introdução e enquadramento. Desde 2004 que a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico está classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. Apesar de alguma controvérsia, em relação à origem das cepas, é assumido que a vinha chegou aos Açores, nomeadamente ao Pico e a São Jorge, no século XV. No século XIX, primeiro o oídio e depois a filoxera quase extinguiram os vinhedos açorianos, incluindo os que chegaram da América e deram origem ao famigerado “vinho de cheiro”.
Atualmente, existem na ilha do Pico, duas zonas demarcadas: DOP (Denominação de Origem Protegida), para produção de Vinhos Licorosos, a partir das castas (recomendadas) Verdelho, Arinto e Terrantez; e DOC (Denominação de Origem Controlada), para a produção de vinhos de qualidade, nomeadamente brancos, mas também espumantes, em que 80 por cento do mosto tem de provir das castas Arinto dos Açores, Terrantez do Pico e Verdelho. A produção açoriana é também certificada como IGP – Açores (Indicação Geográfica Protegida) e IG – Açores (Indicação Geográfica), com estes vinhos a poderem ostentar no rótulo a designação “Vinho Regional Açores”. Saiba mais na página da Comissão Vitivinícola Regional dos Açores.
Wine in Azores
Gradualmente, vários vinhos oriundos do Pico, pela sua fama, qualidade e agilidade comercial foram ultrapassando o Atlântico e chegaram, não só ao continente, mas a vários destinos mundiais. O licoroso Czar, produzido por Fortunato Garcia, é o melhor exemplo, seguido pelos rótulos da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, Terras de Lava (Branco, tinto e rosé) e Frei Gigante (Branco). A Curral Atlantis, com a sua larga oferta, entre brancos e tintos (monocastas e blends variados, como Arinto dos Açores e Verdelho, Viosinho e Gouveio, e Merlot e Cabernet Sauvignon) também tem marcado uma boa posição.
Entre as iniciativas que têm dado a conhecer o admirável mundo novo dos vinhos, não só do Pico, mas de todo o arquipélago dos Açores, encontram-se o Wine in Azores (de 16 a 18 de outubro), em Ponta Delgada, e o 10 Fest Açores 2015 – 10 dias, 10 chefs, organizado anualmente pela Escola de Formação Turística e Hoteleira (EFTH), situada em Ponta Delgada. Foi precisamente na última edição que foram dados à prova, em jantares e apresentações, diversas novidades e, porque não, tesouros quase desconhecidos, como o licoroso seco (DOP), Buraca 2009, a partir de Verdelho e Arinto dos Açores, e as diversas propostas Lajido (Reserva Doce, Reserva e DOP), um dos muitos vinhos da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico, ideais como aperitivo ou harmonizado com sobremesas pouco doces. Para memória futura e para ajudar numa eventual compra, registem-se os vinhos que harmonizaram os diversos pratos apresentados no jantar 10 Fest Açores 2015 – 10 dias, 10 chefs, dedicado exclusivamente aos chefes da Escola de Formação Turística e Hoteleira e dos Açores: Buraca Verdelho & Arinto dos Açores (Licoroso seco, DOP), Verdelho Original 2014, by António Maçanita (IG Açores), Curral Atlantis Verdelho & Arinto, 2014 (Regional, Açores), Frei Gigante 2013 (DO, Pico), Magma 2013 (DO, Biscoitos - este oriundo da Terceira), e Czar 2009 (Licoroso meio seco, DOP, Pico).
Azores Wine Company
Este foi também o momento em que se ficou a conhecer, em detalhe, o mais recente projeto vínico do arquipélago dá pelo nome de Azores Wine Company, com produção no Pico, em São Miguel e na Graciosa. O enólogo António Maçanita e mais dois sócios apresentaram, recentemente, as duas gamas: Rare Grapes Collection, composta por vinhos monocasta de Arinto dos Açores, Verdelho e Terrantez do Pico; e Volcanic Series, que apresenta o Rosé Vulcânico e Tinto Vulcânico. A maior parte destas garrafas rumaram a Portugal Continental e a países como França e Canadá, e aterraram nas melhores garrafeiras e restaurantes (ainda recentemente foi possível encontrar o Tarrantez do Pico, no premiado e estrelado, Ocean, no Vila Vita Parc).
Para atestar a qualidade destas produções, recentemente a prestigiada revista Wine Advocate, de Robert Parker, classificou os vinhos da Azores Wine Company, com uma pontuação história: Arinto dos Açores 2014 by António Maçanita, com 92 Pontos em 100; Arinto dos Açores Sur Lies 2014 by António Maçanita, com 92 Pontos, e Verdelho O Original 2014 by António Maçanita, com 90 Pontos.
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