Em plena crise de sucessão de 1580, enquanto alguns aclamavam Filipe II de Espanha como Rei de Portugal, uma pequena ilha resistia e aclamava D. António I.
A 24 de Julho de 1580, durante a preparação para a esperada invasão espanhola, D. António foi aclamado rei de Portugal pelo povo, no castelo de Santarém. D. António pedira ao povo que o aclamasse apenas regedor e defensor do reino, mas já o povo rejubilava. É aclamado também em Lisboa, Setúbal e em numerosos outros lugares . No entanto, um mês mais tarde, a 25 de Agosto, as suas forças são derrotadas na batalha de Alcântara pelas do duque de Alba.
Tendo sobrevivido ao combate, D. António foge para o Norte, com as tropas de Sancho de Ávila a persegui-lo até Viana do Castelo. Durante 6 meses, de Novembro de 1580 até Maio do ano seguinte, vive homiziado no seu «reino», abrigando-se quer em mosteiros quer em casas de partidários devotados. De Junho a Setembro de 1581 está em Inglaterra, na corte de Isabel I, procurando ali em vão auxílio militar, e em seguida dirige-se a França, onde o encontra.
Em 1582 está na ilha Terceira, nos Açores, que havia tomado o seu partido e de onde continuou a governar. Era reconhecido apenas localmente, de modo que, em Portugal Continental e na Madeira, o poder passou a ser exercido por Filipe II de Espanha, reconhecido oficialmente pelas Cortes de Tomar de 1581 como Filipe I de Portugal. Iniciava-se, na História de Portugal, a Dinastia Filipina.
D. António desembarcou na vila de São Sebastião, ao invés de no porto de Angra, tendo marchado por terra até aos portões de São Bento nesta cidade. Ali era esperado por Ciprião de Figueiredo, pelo conde de Torres Vedras, por Manuel Silva e outras personalidades locais. À sua chegada, as fortificações de Angra salvaram, o mesmo tendo feito as guarnições, com seus mosquetes e arcabuzes.
Ficou hospedado no Convento de São Francisco e, posteriormente, no palácio do marquês de Castelo Rodrigo. Na ilha, visitou a baía da Salga e a baía da Praia (atual Praia da Vitória). Frequentou ainda o Convento da Esperança, cujas religiosas também o apoiavam.
De imediato determinou reforçar as defesas de Angra, face à iminência de um ataque espanhol e à acção dos corsários, tendo contado para tal com o incondicional apoio de Dna. Violante do Canto, inclusive financeiro. Ainda com relação às finanças, cunhou moeda – um acto típico de soberania e realeza. Por essas razões, aqueles já mencionados autores não hesitaram em considerá-lo o derradeiro príncipe da Casa de Avis, ao invés do Cardeal D. Henrique, e o décimo oitavo rei de Portugal.
Em Julho de 1580, D. António já havia escrito à rainha de França, Catarina de Médici, uma carta pedindo auxílio. Na ilha Terceira, em 1581, regista-se a primeira tentativa de desembarque de tropas espanholas, ferindo-se a batalha da Salga, onde os Espanhóis foram completamente derrotados. Participaram neste combate os escritores Cervantes e Lope de Vega.
Finalmente em 1583, quando D. António já ali não se encontrava, forças espanholas muito superiores, sob o comando de D. Álvaro de Bazán, (vencedor da batalha de Lepanto), logram dominar a ilha após violentos combates.
Após a derrota de suas forças nos Açores, D. António instalou-se em França – inimigo tradicional dos Habsburgos de Espanha – onde se exilou.
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