terça-feira, 9 de junho de 2015

Hotel Monte Palace: Da idílica opulência ao degredo



Luxu­o­sos 88 quar­tos, dos quais uma suite pre­si­den­cial. Qua­tro gran­des sui­tes ainda de maior luxo. Qua­tro quar­tos duplos com saleta, 27 duplos e 52 sui­tes juni­o­res. Dois res­tau­ran­tes (Grill Dona Amé­lia e Res­tau­rante D. Car­los) um bar (Bar Americano/D. Urraca), três salas de con­fe­rên­cia, uma dis­co­teca (Night Club Cha­mar­rita), um banco, um cabe­lei­reiro, cofres-fortes, uma taba­ca­ria, bou­ti­ques e outras lojas.

É o cinco-estrelas Monte Palace, com a tela mais incrí­vel para as azuis e ver­des lagoas da idí­lica Sete Cida­des. Não é por acaso que o lugar se chama “Vista do Rei”.

O empre­en­di­mento no mais sedu­tor dos luga­res, com natu­reza ímpar, foi inau­gu­rado sump­tu­o­sa­mente em 1984 pelo então pre­si­dente da Repú­blica, Mário Soa­res, e com a poe­tisa aço­ri­ana Natá­lia Cor­reia a inspirar-se na pai­sa­gem para reci­tar vários poe­mas. Uma sole­ni­dade com final… infeliz.

Um inves­ti­mento de milhões agora redu­zi­dos a escom­bros. Baixa ocu­pa­ção e altos cus­tos de fun­ci­o­na­mento dita­ram o encer­ra­mento ano e meio depois. Os cli­en­tes queixavam-se do nevo­eiro… que reti­rava ao lugar a sua grande-mais valia, já que nes­sas cir­cuns­tan­cias nada havia que fazer nas redondezas.



O grupo madei­rense que cons­truiu o Monte Palace pagou a sua ambi­ção des­me­dida com a falên­cia. O igual­mente madei­rense Banif aca­bou por ficar com ele, fruto das dívi­das de que era cre­dor. Guarda e cães zela­ram pelo lugar até 2011, até que, por falta de paga­mento, até estes o abandonaram.

O van­da­lismo tomou conta do luxo de outrora em meio pes­ta­ne­jar. Móveis, can­de­ei­ros, tape­tes, espe­lhos… e até ele­va­do­res. Tudo o alheiro levou…
Hoje serve para tudo – no nosso caso, para tes­te­mu­nhar o impres­si­o­nante degredo e subir ao último piso para des­fru­tar de uma das mais belas vis­tas que encon­tro em perto de 100 paí­ses -, até para roma­rias ao seu inte­rior para apre­ciar os res­tos da opu­lên­cia do que foi o hotel. Este crime turís­tico já foi alvo das mais diver­sas repor­ta­gens nos mais dis­tin­tos meios.

Ape­sar as incrí­veis vis­tas que pro­por­ci­ona, neste momento o Monte Belo é a maior nódoa na idí­lica pai­sa­gem aço­ri­ana. Agora que o turismo está em fase ace­le­rada de evo­lu­ção – as low cost che­ga­ram ao arqui­pé­lago – há espe­rança para este pro­jeto? Ou o melhor será mesmo implo­dir e devol­ver o espaço à natureza?

O inte­resse turís­tico da região, o ambi­ente, a saúde e higi­ene públi­cas agra­de­cem uma deci­são. E nós também.

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