Ilha de Santa Maria «uma experiência de nicho», diz a BBC
"Quando aterrei em Santa Maria, fiquei desapontado por não encontrar uma placa com algo do género: ‘Benvindo à ilha Concorde’”, começa por descrever Simon Calder. “Mas poucos segundos depois fiquei animado. Encontrei o Bar Concorde com cerveja a preço dos anos 80.”
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Nos anos anos, a Ilha Concorde, como lhe chama Simon, era um dos locais de elite servido pelo avião anglo-francês, continua. Como a Venezuela cresceu rapidamente graças ao petróleo, a Air France decidiu fazer uma ligação Paris-Caracas.
Mas, como o avião não tinha capacidade para armazenar o combustível necessário para a viagem sem paragens, a ilha de Santa Maria foi o local eleito para o reabastecimento. Aqui os ricos e poderosos eram convidados a esticar as pernas e, quem sabe, a descobrir o Bar Concorde, enquanto o avião era abastecido.
“Cheguei à ilha no único voo programado do dia. No ‘salto’ de 20 minutos de Ponta Delgada, a capital dos Açores, à ilha vizinha de São Miguel.”
Explica que voou para Santa Maria porque já há muito tempo que desejava visitar a ‘Ilha Concorde’, mas também para descobrir como funcionam as etapas finais da revolução da aviação na Europa.
Até este ano só era possível viajar para os Açores de jato privado ou pela TAP. Mas agora, as duas maiores companhias low-cost da Europa lançaram a ligação entre Lisboa e Ponta Delgada. Por esta viagem a Ryanair e a Easyjet cobram cerca de 30 euros.
Para os residentes nos Açores ir à Europa deixou de ser uma ‘extravagância’. E o turismo local espera que o número de visitantes cresça. Mas, este aspeto preocupa quem vive no meio da beleza da ilha de Santa Maria.
Simon Calder, falou com Jetti, uma mulher luxemburguesa nos seus 50 anos que “adotou a ilha”. Ela teme, agora, que a ilha perca o seu caráter com a chegada de turistas à Praia Formosa. Jetti faz parte da comunidade de uma centena de estrangeiros que se mudou para a ilha para escapar às multidões. Santa Maria, diz ela, é conhecida como o "Algarve dos Açores" e pode atrair muita gente do norte da Europa.
Simon encontrou uma opinião diferente junto de Avelino, um construtor civil. Mais visitantes, diz ele, significa mais postos de trabalho e mais motivos para os mais jovens se fixarem na ilha de Santa Maria em vez de se mudarem para o continente.
Esta ilha é o destino ideal para os amantes da natureza, que procuram solidão e serenidade, como defende o irmão de Avelino.
Simon termina esta crónica dizendo: “Uma experiência para um nicho - tal como o Concorde".
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