Emigrante dos Açores recebe prémio “American Dream” nos EUA
O empresário português Luís Pedroso, de 54 anos, vai receber o primeiro prémio "American Dream" do International Institute of New England.
O empresário português Luís Pedroso vai receber o primeiro prémio “American Dream” do International Institute of New England, uma instituição que presta apoio a imigrantes e refugiados nos estados da Nova Inglaterra desde 1918.
“O prémio é entregue a um indivíduo que personifica a ética de trabalho, engenho e generosidade que são marcas da experiência do emigrante”, anunciou a instituição sobre o prémio que será entregue a 11 de dezembro.
Luís Pedroso, de 54 anos é o presidente e fundador da empresa Accutronics e um dos dois filantropos que permitiu a criação de um centro de estudos portugueses na Universidade de Massachusetts em Lowell.
O empresário disse à agência Lusa que a distinção “é um grande honra e uma enorme surpresa, porque a instituição tinha muitas pessoas que podia ter escolhido para dar o primeiro prémio.”
Pedroso é original da Ribeira da Areia, na ilha de São Jorge, nos Açores. Veio para os Estados Unidos com nove anos, acompanhado dos pais e três irmãos.
“Lembro-me de ser criança e ver muitas pessoas partir para os Estados Unidos. Quando os meus pais disseram que também íamos, esse foi o meu primeiro sonho americano. Pensei: ?Somos os próximos.’ Partir para a América era um pensamento quase mágico”, diz.
A família instalou-se na Califórnia, mas pouco tempo depois foi diagnosticado uma leucemia ao pai, que acabou por morrer. A família mudou-se então para Massachusetts e foi nessa altura que recorreu aos serviços do International Institute of New England,
Pedroso diz que o seu segundo sonho americano foi ter a própria empresa. Trabalhou durante três anos e meio numa empresa de componentes eletrónicos, mas em 1984, com 24 anos, viu uma oportunidade no mercado e arriscou.
Fundou a Qualitronics, uma empresa que desenhava, testava, construía e vendia serviços de reparação de componentes eletrónicos. Pedroso vendeu a empresa em 2000, quando tinha um volume de vendas anual de 25 milhões de dólares e cerca de 160 funcionários.
“Como imigrantes, somos diferentes. Durante muito tempo, sentes que não pertences ou que não estás seguro, que a qualquer momento podes perder. Quando vendi a empresa, pela primeira vez na vida senti que pertencia e que estava seguro”, disse o empresário.
Quatro anos depois, tornou a arriscar e fundou com os irmãos a Accutronics, uma empresa na mesma área, de que é hoje presidente.
O empresário é um dos filantropos que doou 850 mil dólares (660 mil euros) para fundar o Centro Pedroso-Saab para Estudos Portugueses e Culturais na Universidade de Massachusetts em 2013.
“Os Estados unidos são feitos de varias nacionalidades e etnias e cada um apoia a sua. Eu tenho muito orgulho em ser português, em pertencer a esta comunidade e senti que era meu dever ajudar a mostrar o nosso valor”, disse o empresário.
Luís Pedroso fez esta doação em nome dos pais, Hélio e Amélia Pedroso, como homenagem à sua coragem. A mãe, de 85 anos, ainda vive nos Estados Unidos e estará presente na entrega do prémio.
Durante a cerimonia, a instituição vai lançar uma plataforma interativa online com ficheiros relativos a cerca de cinco mil famílias a que prestaram auxilio desde 1918.
A organização foi criada perto do final da Primeira Guerra Mundial para dar apoio aos imigrantes que chegavam da Europa. Continua a ajudar cerca de 1500 famílias todos os anos em questões de saúde, educação, emprego e legalização.
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