domingo, 7 de fevereiro de 2016
Maior acidente aéreo em Portugal foi há 33 anos nos Açores
Um Boeing 707 da companhia norte-americana Independent Air, com 144 pessoas a bordo, despenhou-se a 08 de fevereiro de 1989 na ilha de Santa Maria, nos Açores, naquele que constitui o maior acidente aéreo ocorrido em Portugal.
A aeronave, oriunda de Bergamo, em Itália, e com destino à República Dominicana, nas Caraíbas, preparava-se para fazer uma escala técnica em Santa Maria quando se despenhou no Pico Alto.
A última vez que o comandante do avião contactou com a torre de controlo em Santa Maria foi às 12:45, tendo, posteriormente, desaparecido do radar, com sete tripulantes e 137 passageiros a bordo.
"Apesar de estarmos preparados para esta eventualidade, fomos, naturalmente, apanhados de surpresa", diz, em declarações à agência Lusa, Jorge Arruda, que desempenhava as funções de diretor do aeroporto de Santa Maria em 1989.
"Estava a almoçar com uma equipa de colegas da ANA, que se tinha deslocado a Santa Maria, e fui alertado, por telefone, para a queda de um avião no Pico Alto. Peguei no carro e dirigi-me para o local, tendo avisado entretanto o aeroporto e desencadeado o plano de emergência", recorda Jorge Arruda, a primeira autoridade a chegar ao Pico Alto.
Jorge Arruda bloqueou o acesso ao local do acidente aos curiosos, até que chegassem os bombeiros da ANA, tendo, posteriormente, regressado ao aeroporto para alertar as entidades oficiais.
"A população sentiu o impacto enorme do embate do avião e muitos voluntariam-se para ajudar no que fosse necessário", lembra Jorge Arruda, que recorda que a hipótese de atentado chegou a ser aventada.
José Humberto Chaves, então presidente da Câmara Municipal de Vila do Porto (o único concelho da ilha) e, consequentemente, primeiro responsável em Santa Maria pelo Serviço Regional de Proteção Civil, lembra que quando chegou ao Pico Alto, "logo após os bombeiros" uma das coisas que mais o impressionou "foi um silêncio enorme".
"Não se ouvia um pássaro na zona, que tem muita vegetação. Depois, foi ver os corpos dilacerados. Era um cenário dantesco", afirma.
O ex-autarca recorda que, "numa primeira intervenção" se tentou ver se havia alguém vivo, "tendo-se depois recolhido os cadáveres, transportando-os para o hangar da SATA no aeroporto", o local disponível "com o mínimo de condições para lhes dar alguma dignidade".
"Lembro-me, perfeitamente, que não conseguia dormir. Por outro lado, tinha de estar, como primeiro responsável pela proteção civil, o máximo de tempo possível no local do acidente", explica.
José Humberto Chaves afirma que foi com a ajuda de uma equipa de médicos do continente que se procedeu à identificação dos corpos, através de análises de ADN, bem como com recurso a roupas e outros pertences ainda existentes nos corpos, como passaportes.
O ex-autarca lembra que "foram necessários muitos dias a identificar os corpos".
"Durante muito tempo, ir ao Pico Alto, para mim, era terrível. Ainda hoje, quando lá vou, lembro-me do que aconteceu. Foi terrível", conclui José Humberto Chaves.
Já se registaram mais cinco acidentes aéreos nos Açores, o mais recente dos quais na ilha de São Jorge, a 11 de dezembro de 1999, em que um ATP da SATA se despenhou com 35 ocupantes.
O de Santa Maria dará este ano origem a um livro do jornalista açoriano Francisco Cunha, com lançamento previsto para meados de 2014.
in DNoticias.pt
Video da recriação do Acidente:
Fotos de Amilcar Melo
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